
mãe e a noiva. Sua irmã, menor de idade,
enfrentou bullying em várias escolas
cada vez que descobriam sua identidade.
Foram vítimas de várias tentativas de
extorsão, difamação, assédio moral e
estelionato, e até de ameaças de morte,
tudo consequência da recusa de Juan
Pablo em seguir os passos do pai. “Ser
Pablo Escobar é fácil, o difícil é não sê-lo”,
disse em entrevista concedida a mim
no ano passado, quando esteve no Brasil
para lançar seu livro. Em 1999 descobriram
que seu contador havia roubado todo seu
dinheiro, e acabaram presos, ele e a mãe,
Juan Pablo: “Ser filho dele não me faz seu cúmplice”.
acusados de lavagem de dinheiro que
teriam herdado do crime. Demorou quase
dois anos para serem absolvidos. Em 2002
pôde finalmente casar-se com Andrea, o
amor de sua vida.
Em 2005 Juan Pablo começou, juntamente
com Nicolás Entel, diretor de cinema
argentino, a elaborar o documentário sobre
REVISTA DA CAASP 69
a vida do pai. Durante o processo, escreveu
uma carta aos filhos de Luis Carlos Galán e
Rodrigo Lara Bonilla pedindo perdão pelo
mal que seu pai lhes havia causado. “Quis
que eles entendessem que eu também
não tenho pai. E que ser filho de alguém
não me faz cúmplice.” Em 2008 viajou à
Colômbia para dizer-lhes pessoalmente o
que dissera na carta. Foi um dos momentos
mais difíceis de sua vida já tão marcada,
mas também um dos mais preciosos,
segundo ele próprio. Eles lhe disseram
que não era fácil, emocionalmente, falar
com o filho do assassino de seus pais, mas
também disseram: “Somos todos vítimas.
Não temos nada a lhe perdoar porque você
não é Pablo Escobar”. Com estas palavras,
tiraram de seus ombros o peso de uma
enorme culpa, que não era sua.
O documentário, intitulado Pecados de mi
padre foi lançado em 2009, recebeu diversos
prêmios e foi exibido em setembro de 2010
LITERATURA
Abrapp