
SÃO PAULO E O PCC
ESPECIAL 34 REVISTA DA CAASP
O PCC (Primeiro Comando da Capital)
montou franquias em vários lugares, franquia
de exploração de lotações, franquia de
entrega de botijões de gás, franquia de desvio
de cabos de televisão, franquia de tráfico
de drogas, franquia do delivery da droga. O
PCC já ultrapassou as fronteiras paulistas,
está no Mato Grosso, está no Paraguai. Já
fiz matérias sobre a conexão do PCC com o
Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. O
PCC hoje realiza prioritariamente tráfico de
drogas e mantém uma conexão muito íntima
com o contrabando de armas. É só prestar
atenção ao que acontece: bandidos com
AK47, metralhadora .50, fuzil Colt AR15. Esse
é o outro lado das franquias: terceirização
das armas de fogo. Um grupo planeja um
grande assalto, e o PCC aluga as armas, com
seguro e prazo de devolução.
O trecho acima é transcrito de uma
entrevista concedida em 2013 à Revista da
CAASP pelo jornalista Percival de Souza,
de biografia invejável quando o assunto
é segurança pública. Entre várias obras
sobre o tema, escritas em paralelo a uma
carreira na imprensa notável pelo combate
a Esquadrão da Morte nos anos 70, Percival
escreveu em 2007 o livro “O Sindicato do
Crime”, sobre a história do PCC. Nada o
desmente, mas algumas nuances atuais
devem ser observadas.
Hoje, Marcos Williams Herbas Camacho,
o Marcola, líder maior do PCC, está
encarcerado em um presídio de segurança
máxima. Outros comandantes do grupo
também estão presos. São Paulo, berço
da facção criminosa, orgulha-se de viver
uma queda no número de homicídios.
No primeiro mês de 2018, os casos de
homicídio doloso no Estado recuaram
6,76%, passando os registros de 281 para
262. O número de vítimas baixou 10,65%,
de 310 para 277, em comparação com
janeiro de 2017. Trata-se dos dois menores
indicadores para esse tipo de crime desde
o início da série histórica, em 2001.
O coronel José Vicente da Silva reserva
efusivos elogios à segurança pública
paulista. “A cidade de São Paulo, por
exemplo, é dividida em 92 distritos policiais,
e cada distrito tem um contingente da PM
comandado por um capitão e uns 100
policiais. A polícia de São Paulo tem, coisa
que a do Rio não tem, um mapa digital que