
46 REVISTA DA CAASP
O carioca Rafael Fortes, de 22 anos,
dedica no mínimo três horas do seu dia
ao jogo de futebol eletrônico “Fifa”. Tanta
dedicação pode parecer excessiva, mas
tem uma razão. Quando está on-line, Fortes
é Rafifa13, duas vezes campeão brasileiro
do jogo de futebol da Electronic Arts, atual
campeão pan-americano e membro da
equipe de e-sport do clube francês Paris
Saint-German.
A relação dele com os videogames
começou cedo, aos quatro anos. As
competições profissionais começaram aos
16 anos. Foi então que o tempo empregado
em jogar aumentou. Somavam-se as
horas de treino obrigatório no “Fifa”
àquelas ocupadas por partidas de outros
jogos, como o de tiro em primeira pessoa
“Counter-Strike” e outros.
A entrega ao universo dos jogos fez
soar um alarme na cabeça dos pais de
Fortes. “Eles reclamavam do tempo que
eu passava em frente do videogame mas,
como sempre fui muito responsável com
meus estudos, eles acabavam superando a
resistência e eu conseguia jogar. Hoje, eles
me apoiam”, conta.
Hoje, paralelamente à carreira no
e-sport, Fortes cursa Relações Públicas na
Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ele
reflete sobre os benefícios que a interação
com o videogame trouxe para sua vida.
“Graças aos jogos e as competições, aprendi
a ter calma, a entender meus obstáculos e
a buscar uma forma de superá-los”, afirma.
Uma notícia sacudiu jovens apaixonados
por videogames como Fortes. Em janeiro, a
Organização Mundial da Saúde anunciou
que enquadraria o vício em videogames
como transtorno psiquiátrico na nova
edição da Classificação Internacional
de Doenças (CID-11), manual usado por
médicos e pesquisadores para rastrear,
diagnosticar e tratar doenças.
Em alguns países asiáticos, onde os
games são vistos como um problema de
saúde pública, há severas restrições legais
para o seu uso, como censura de acordo
com a idade e limite de tempo de exposição.
Na Coreia do Sul, o governo criou uma lei
para proibir o uso de games por pessoas
menores de 18 anos entre meia-noite e
seis da manhã. No Japão e na China, os
jogadores sofrem advertência após certo
número de horas mensais.
Divergindo de alguns de seus pares,
Fortes não critica a decisão da OMS. “A
organização tem profissionais capazes de
aferir o que é vicio e o que é jogar por jogar.
Tudo em excesso pode vir a fazer mal. Acho
que contar com um direcionamento da
OMS sobre esse assunto será interessante
para a população”, comenta.
SAÚDE
Arquivo R.F.
Rafael Fortes, o Rafifa13.