
falta de pertinência no comportamento de alguns ministros.
Faltaria pertinência ao ministro Gilmar Mendes, por exemplo? Veja que ele se reúne tarde
da noite ou aos domingos à tarde com um presidente da República que será julgado por ele
em breve, dá declarações sobre todos os assuntos...
Não só ele. Você começa a perceber que tem outros ministros que de alguma maneira... é
difícil você mencionar os não-midiáticos. Recentemente, você teve um ministro chamado
pelo presidente Temer para discutir políticas públicas na área da segurança, para indicar
nomes...
Alexandre de Moraes.
Então, não é só o ministro Gilmar. Alguns são cuidadosos, outros são menos cuidadosos.
No caso do ministro Gilmar, especificamente, você tem de lembrar a carreira dele como
procurador do Ministério Público Federal, em que ele também teve esse comportamento.
Ele sempre foi um homem, de certo modo, afirmativo e às vezes belicoso no seu tratamento,
mas não é o único.
O ministro Luís Roberto Barroso diz que o Supremo é a reserva iluminista da sociedade. O
senhor concorda com ele?
Eu gosto muito do que diz o ministro Barroso, já participamos de bancas de concursos e
debates, e eu já publiquei ao menos dois ou três artigos no “Estado de S. Paulo” discordando
dessa posição dele. Em um deles eu discuto especificamente essa ideia civilizatória do
Supremo, essa ideia de que o Supremo tem prerrogativas contramajoritárias ou coisas desse
22 REVISTA DA CAASP
JOSÉ EDUARDO FARIA | ENTREVISTA