
fronteiras do mero “assistencialismo”.
Para esse advogado de 46 anos, a
iniciativa solidária que a Seção de São
Paulo da OAB tomou no dia 3 de fevereiro
de 1936, quando instaurou a Caixa de
Assistência dos Advogados, deveria ser um
ideal comum a todas as outras entidades
de classe do país. “Temos aqui na CAASP
um derrame de benefícios solicitados
devido a percalços na saúde, quadro que
certamente não é restrito à advocacia.
Se as demais instituições de classe
olhassem para dentro de si, sem dúvida
encontrariam nas suas cadeiras pessoas
capacitadas para proporcionar respaldo a
seus representados”, acredita.
O advogado ressalva que a advocacia
precisa dar mais importância à construção
de uma renda para o futuro ou de uma
renda complementar à aposentadoria do
INSS: “Nós, advogados, nos vemos como
seres ativos, aguerridos, sem parar para
pensar que podemos ser surpreendidos
pela vida a qualquer momento”.
Por pouco a advocacia não perdeu
a chance de ter em seu quadro um
homem tão modesto e, principalmente,
voluntarioso como Jurandir de Sousa
Oliveira Filho. Antes de cursar Direito, ele
estudou dois anos de Comunicação Social,
com habilitação em Jornalismo. Seu desejo
na época era ser jornalista esportivo. “Na
adolescência eu era um esportista e vi no
jornalismo a chance de continuar próximo
desse mundo na minha vida adulta,
cobrindo uma Copa do Mundo, uma
Olímpiada”, lembra, rindo.
Acabou trocando o jornalismo pelo
Direito por influência do pai, que foi
desembargador. Formou-se em Direito
pela FMU (Faculdades Metropolitanas
Unidas) no ano 2000 e logo obteve a
Carteira da OAB.
O contato com o jornalismo permanece
até os dias de hoje, já que ele faz
esporádicas contribuições ao conteúdo
do jornal do bairro onde mora, a Chácara
REVISTA DA CAASP 57 PERFIL
Monte Alegre. Na OAB-SP, por outro
lado, fincou raízes. Atuou nas comissões
de Direitos e Prerrogativas e de Direitos
Humanos da Subseção do Jabaquara,
chegando a ser diretor de ambas. Com
esse currículo de defesa da dignidade da
vida, era quase impossível que Oliveira
Filho não se interessasse em estreitar
relações com a Caixa de Assistência.
“O trabalho dentro da Comissão
de Direitos Humanos da Subseção do
Jabaquara fez crescer minha motivação
em ajudar as pessoas que clamavam por
algum tipo de socorro. Quando surgiu
o convite para participar do corpo de
relatores da CAASP, a identificação foi
instantânea”, conta.
Assim, desde 2007, o advogado ajusta
seus compromissos de agenda uma vez
por mês para ir à sede da CAASP, no centro
da capital paulista, e realizar a importante
missão de aferir a real necessidade de
cada pedido de auxílio pecuniário feito à
entidade assistencial pelos inscritos nas
OAB-SP em situação de carência.
Oliveira Filho integra atualmente a 3º
Câmara de Benefícios da CAASP ao lado de
outros cinco colegas, instância presidida
pelo diretor da Caixa Rossano Rossi. Ele
vê similaridades na sua função como
relator de Benefícios e advogado: “Como
advogados, antes de distribuirmos uma
ação temos que ter certeza de que ela é
passível de legitimidade, de resguardo
judicial. O mecanismo vale para cá. Nós
nos debruçamos e enraizamos nosso
julgamento nas condições técnicas dos
requerimentos”, descreve.
Essas implicações técnicas às quais
o advogado se refere estão descritas
no Estatuto da Caixa de Assistência,
que estabelece critérios para atender
os pedidos de socorro que chegam à
entidade.
“É uma grande satisfação ter o múnus de
exercer a atividade advocatícia e também
estar presente na vida dos colegas”, frisa.|