
provoca reações no público por meio da
expressão dramática dos atores e daquilo
que a câmera capta. No melhor estilo do
mestre japonês Yasugiro Ozu, Chaitanya
Tamhane pouco move a câmera, mas seus
enquadramentos têm profundidade e
riqueza informativa. Assim como a trama, a
fotografia é realista, a mostrar a população
jogada para o escanteio social.
“Tribunal” não tem heróis, apenas
pessoas de carne, osso e problemas. O
advogado não se entende com a própria
família conservadora, a promotora tem
que buscar o filho na escola depois do
expediente e servir a janta ao marido
quando chega em casa. O próprio Narayan
Kamble, que poderia ser alguma espécie de
revolucionário, está mais para um messias
quixotesco.
Como outros “países em
desenvolvimento”, a Índia, se verdadeira
a leitura de Tamhane, vê suas injustiças
sociais aprofundarem-se no campo
judicial. Lá, como cá, forças insuperáveis
parecem atuar para que os desabonados
permaneçam onde estão e nada ousem
contra o sistema, nem uma simples canção
de protesto. E já que é assim, o filme acaba
com o réu preso até que o juiz volte de suas
idílicas férias.| (PHA)
REVISTA DA CAASP 53
O diretor Tamhane, talento reconhecido logo
na estreia.
A Mumbai das diferenças sociais extremas.
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