
Soou ridícula, arrancando manifestações
indignadas até de correligionários, a
afirmação do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, de que não
acreditava na interferência de Moscou,
pela internet, nas últimas eleições
americanas. Ao lado de Vladimir Putin,
em reunião diplomática no dia 16 de julho
em Helsinque, capital finlandesa, Trump
simplesmente referendou as alegações
da KGB em detrimento das apurações do
FBI. Dan Coats, chefe da Inteligência do
governo americano, expediu nota com a
seguinte observação: “Temos sido claros
em avaliações sobre a intromissão russa
nas eleições e seus esforços contínuos
e generalizados para minar nossa
democracia”.
De volta ao seu país, Trump disse confiar
nos órgãos de inteligência americanos,
numa retratação pouco convincente.
Moscou é acusada pelas agências de
segurança dos Estados Unidos de roubar
dados de políticos e disseminar notícias
falsas em favor do então candidato Donald
Trump.
No dia 19 de julho, em entrevista ao
site de tecnologia Recode, o presidente-executivo
do Facebook, Mark Zuckerberg,
disse que a empresa conseguiu identificar
a invasão de contas de dirigentes dos
partidos Democrata e Republicano, tendo
alertado o FBI a respeito. A ação, conforme
descobriu o próprio Facebook, partiu de
hackers da Rússia. Zuckerberg disse que a
rede estará mais atenta a partir de agora,
e que irá desenvolver novas tecnologias de
combate às fake news para que casos como
o americano não se repitam “em eleições
importantes no mundo, como as do Brasil
e da Índia”.
O Brasil merece de fato estar no foco
de Zuckerberg e de todos os “papas”
REVISTA DA CAASP 27 ESPECIAL
da tecnologia digital. Segundo dados
apresentados pelo jornalista Carlos
Eduardo Lins da Silva na edição brasileira
da Columbia Journalism Review, a partir de
informações de Fundação Getúlio Vargas,
SocialBakers Consultoria, Facebook, AP
e Folha.com, 11% das discussões sobre
as eleições brasileiras de 2014 e 20% das
interações sobre o impeachment, em 2016,
foram geradas por robôs. As interações em
grupos de notória vocação para postar fake
news no Brasil, via Facebook, aumentaram
61,6% de outubro de 2017 a janeiro de
2018. É nesse ambiente que os 145 milhões
de eleitores brasileiros escolherão seu
presidente, seus governadores, senadores
e deputados em outubro.
Ronaldo Lemos: “Vivemos sob intensa divulgação
de fake news desde 2014”.
“Desde a campanha de 2014 vivemos no
Brasil um período intenso de divulgação de
notícias falsas. Essa prática estará presente
na campanha eleitoral também. A diferença
é que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
está ativo com relação ao tema. Vale
lembrar que o TSE, além de órgão julgador,
também tem poder de polícia”, adverte o
advogado Ronaldo Lemos, especialista em
tecnologia e mídia e professor de Direito
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