
38 REVISTA DA CAASP
O oncologista Hunter Doherty é mais
conhecido como Patch Adams. Ele é tido
como o pioneiro na arte de levar um palhaço
para dentro de um hospital. Na década de 70,
incomodado com a falta de zelo com crianças
hospitalizadas, ele viu no riso a chave para
melhoria da qualidade de vida dos pequenos.
Passou então a utilizar a linguagem do
palhaço para se aproximar deles. A história
do médico que usa roupas de palhaço e faz
brincadeiras com pacientes em hospitais foi
imortalizada numa produção hollywoodiana
protagonizada por Robin Williams.
Já em 1986, os hospitais começaram a
receber verdadeiros profissionais da arte
do circo, como o ator Michael Christensen,
diretor do Big Apple Circus, de Nova York, que
foi convidado para se apresentar a crianças
recém-operadas do coração no Columbia
Presbyterian Babies Hospital. Na ocasião,
ele optou por encenar uma satirização das
rotinas médicas e hospitalares. Nascia ali o
engraçado Dr. Stubs.
O espetáculo foi bem aceito pelos
pequenos e as rondas do Dr. Stubs por entre
os leitos tornaram-se regulares no hospital.
O impacto da ação do médico-palhaço sobre
as crianças era notável. Antes deprimidas e
apática, bastava o Dr. Stubs chegar para que
participassem ativamente das atividades
propostas.
Para Wimer Bottura Júnior, psiquiatra e
psicoterapeuta, presidente da Associação
Brasileira de Medicina Psicossomática
(disciplina que estuda os efeitos de fatores
sociais e psicológicos sobre processos
orgânicos do corpo e sobre o bem-estar
das pessoas), a explicação do sucesso que
perpetua a arte do palhaço em ambiente
hospitalar está justamente no olhar sensível,
atento e centrado que o personagem lança,
não sobre a doença, mas sobre a própria
criança e no que a circunda.
“Tudo o que um paciente hospitalizado
deseja é ser visto e sentir de fato um contato
com o outro. É mais ou menos
assim: eu posso falar com
você ou eu posso falar para
você. Quando eu falo para
você eu te afasto, quando eu
falo com você eu te aproximo.
O palhaço, fala e interage com
a criança”, desvenda Bottura
Júnior.
O americano Christensen
decidiu investir na
continuidade do seu trabalho
em hospitais e criou a Clown
Care Unit, um programa de
treinamento para que outros
palhaços pudessem atuar
em hospitais. A iniciativa
rapidamente espalhou-se
pelo mundo, chegando ao Brasil nos anos
90, pelas mãos do também ator Wellington
Nogueira, que participou da trupe americana
e, ao retornar ao país, criou por aqui a
SAÚDE
Dr. Stubs, amenizando a dor de crianças
hospitalizadas.
Big Apple Circus