
48 REVISTA DA CAASP
Por dois anos a advogada Sonia
Maria de Arruda Rodrigues Henrique
(foto) percorreu consultórios médicos
em busca de um diagnóstico e de uma
terapia capaz de aliviar seu sofrimento.
Na época, ela sentia tremores, perda da
sensibilidade e dores no braço esquerdo.
“A impressão era a de que meus músculos
estavam se diluindo”, descreve. Passou
por muitos ortopedistas cadastrados
no seu plano de saúde, nenhum lhe
apontava com segurança uma solução.
Ela decidiu recorrer a um neurologista
muscular particular. Depois de uma
bateria de exames ultrassofisticados e
caros, o diagnóstico: ELA, esclerose lateral
amiotrófica.
“Por mais que eu quisesse manter
minha autoestima elevada, eu tinha tudo
para não pensar assim”, lembra-se. A
ELA é uma doença neurodegenerativa de
rápido avanço. É a terceira mais comum
no Brasil (são cerca de 15 mil pessoas
vivendo com ELA no país), ficando atrás
apenas de Alzheimer e Parkinson. “Eu não
podia conversar com ninguém, só chorava.
Acordava de duas em duas horas, às
vezes de dor, às vezes de desespero. Tive
momentos à beira da revolta”, salienta.
Ainda assim, a advogada comemora
o fato da doença não lhe provocar
comprometimento cognitivo ou sensorial.
O raciocínio e os demais sentidos
permanecem intactos.
A ELA afeta os neurônios motores,
responsáveis pelos movimentos do corpo.
Sua progressão impede que os impulsos
nervosos cheguem aos músculos, o que
causa a perda do controle muscular – o
braço esquerdo de Sonia, o primeiro a
manifestar os sintomas da doença, hoje
já não a obedece mais. Na mão, nota-se
um endurecimento dos dedos. Até sua
fala sofreu alterações - quem a houve
falar pensa tratar-se de uma estrangeira
que aprendeu português há pouco tempo.
Todos os seus demais movimentos são
limitados e requerem ajuda.
PERFIL
Karol Pinheiro
PERFIL
ESPERANÇA E
AMOR À VIDA