Alguns dos melhores jornalistas do Brasil.
Sim.
Você participava da escolha das mulheres da capa? Era você quem negociava valores com
elas?
Não. Eu negociei com duas mulheres, e com uma delas fui bem sucedido: Bruna Lombardi.
Com a outra eu fui muito mal sucedido: Glória Pires, mas o relato é adorável.
Os leitores de Playboy pediam e a gente procurava atendê-los, e num determinado mês a
Glória Pires era a mais pedida. Ela morava no Rio e eu a convidei para vir a São Paulo para
negociarmos. Ela disse que viria com o marido, o cantor Orlando Morais. Chegaram os dois,
entraram na minha sala, eu mandei sentar e ela, em pé, disse: “Juca, vamos deixar bem claro
o seguinte. Eu não vou fazer Playboy porque é um nu artístico, porque é o (fotógrafo J.R.)
Duran quem vai fotografar ou porque eu vou para as Ilhas Cayman fazer as fotos. Eu só vou
fazer as fotos se for por muito dinheiro”.
Ela ainda estava de pé. Eu perguntei para ela: “Glória, o que é muito dinheiro?” Ela disse: “Um
apartamento na Vieira Souto (avenida que percorre a orla de Ipanema, no Rio de Janeiro). Eu não
sabia exatamente qual era o preço de um apartamento na Vieira Souto, embora imaginasse.
E perguntei: “Quando custa um apartamento na Vieira Souto?” Ela falou algo em torno de
cinco milhões de reais. Eu retruquei: “Glória, nem pensar”. E ela: “Juca, muito obrigado, foi
um prazer”. Ela já estava de pé, o marido, que estava sentado, se levantou. “Te agradeço por
ter mandado as passagens. Vamos visitar alguns amigos em São Paulo e vamos embora de
noite”, disse ela. E foram embora. A conversa não durou nem três minutos.
Eu fiquei com a maior admiração por ela.
Como é trabalhar ao lado de uma figura como
João Saldanha?
É dessas experiências absolutamente
inesquecíveis, com um baita aprendizado. Eu
tenho uma porção de histórias com o João. Há
pouco, quando fez 100 anos do nascimento dele,
eu andei contando algumas histórias.
Eu só conhecia o João de lê-lo, e sempre foi
uma referência para mim. Eu tinha sido recém-nomeado
GLÓRIA PIRES
PEDIU UM
APARTAMENTO
NA VIEIRA SOUTO
PARA POSAR NUA
NA PLAYBOY.
18 REVISTA DA CAASP
diretor da Placar, em 1979, e fui
convidado a ir a um programa da TV Educativa,
no Rio. Fui, cheguei lá, entrei no estúdio para
participar de uma mesa redonda e um dos
integrantes da mesa era ele. Eu tomei um susto,
fiquei tímido, não tinha prática de televisão. O
programa começou e ninguém me fez pergunta
nenhuma, eu fiquei o primeiro bloco inteiro
calado. No intervalo, eu vejo o João levantar e vir
atrás de mim, e então me diz: “Juca, a atração
aqui hoje é você, você é o novo diretor da Placar.
JUCA KFOURI | ENTREVISTA