RACISMO INTRÍNSECO E VIOLÊNCIA
AMAZÔNICA
Frei Xavier Plassat: ”Herança maldita”.
34 REVISTA DA CAASP
O Frei Xavier Plassat,
francês radicado no Brasil
desde 1989, é coordenador
da Campanha Nacional
contra o Trabalho Escravo
da Comissão Pastoral da
Terra, ação permanente
iniciada em 1997. O trabalho
da pastoral nesse campo
começou nos anos 70 com
a figura carismática de D.
Pedro Casaldáliga, que
denunciou a existência
de trabalho escravo em
pleno Século XX. De 1997
a 2017, segundo Plassat, a
Comissão Pastoral da Terra
identificou 3,5 mil casos de
trabalho escravo, dos quais
2,5 mil na Amazônia Legal.
O número de trabalhadores
envolvidos foi de 93 mil
no período (nem todos
exercendo precisamente trabalho
análogo à escravidão), 52 mil deles
na Amazônia. No fim, 27 mil desses
trabalhadores foram libertos da
condição de escravos.
“O que muita gente não
entende é que a naturalização
dessa relação de exploração tem
a ver com racismo. Eu acho que é
uma herança maldita que o Brasil
carrega por nunca ter tratado
seriamente o fim da escravidão”,
argumenta Plassat.
Quando a Portaria 1.129
do Ministério do Trabalho foi
publicada, a Comissão Pastoral
da Terra enviou uma carta
denunciando o revés humanitário
ao Papa Francisco. “A portaria
Brasileducon
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