REVISTA DA CAASP 43
INTERNACIONAL
napoleônico foi um dos últimos da
Europa a fazê-lo? Vale examinar os
motivos dessa resolução tão tardia.
Desde a Revolução Francesa,
muitas foram as tentativas de pôr
fim à sentença de morte. Segundo o
celebrado advogado francês Robert
Badinter, o principal motivo foi político,
uma vez que a causa abolicionista
sempre foi uma das grandes bandeiras
da esquerda francesa.
”Quando digo
esquerda, entendam-me, falo da força
das mudanças, da força do progresso
e, muitas vezes, da força da revolução,
que em todos os casos fez avançar a
história”, esclarece o jurista.
Responsável por apresentar o projeto
de lei pedindo a extinção da pena capital,
em setembro de 1981, em acalorada
sessão do Parlamento francês, Badinter
discursou emocionado e seus argumentos
e explanação histórica ainda hoje são
referência no mundo jurídico. Ministro
da Justiça e presidente do Conselho
Constitucional durante o governo François
Mitterrand, e hoje senador, foi como
advogado que Badinter gerou maior
polêmica, ao defender Patrick Henry,
assassino de um menino de sete anos.
O autor do crime abjeto era o criminoso
mais odiado da França em 1976, e
escapou da guilhotina graças à defesa de
Badinter. Numa passagem memorável do
julgamento, o advogado apontou o dedo
para cada um dos jurados e perguntou:
“Você será responsável por cortar esse
homem em dois? Quando a pena de
morte for extinta, como irá explicar aos
seus filhos que você mandou este homem
para a guilhotina?” Sim, a execução ainda
Robert Badinter: coragem e brilho retórico.
França aboliu a sentença de morte apenas em 1981.