Laura, que sempre acreditou na docência
como caminho para formar melhores
cidadãos, hoje diz se sentir empurrada para
fora da escola pelas condições de trabalho
e o impacto que o magistério causou na
própria saúde. “Vai além da sala de aula.
Eu não consigo por meus pés dentro da
escola e já me vem um mal-estar, o coração
dispara, a pressão sobe... sinto pavor de
tudo que esteja relacionado ao ambiente
escolar”, reclama.
VIAS DE FATO
“Era fim do intervalo, eu subia as escadas
para as salas de aula que ficam no primeiro
andar, quando um aluno arremessou um
tampo de carteira na minha
cabeça”. A cena narrada pela
professora de educação
artística Fernanda Vasconcelos,
de 47 anos, à Revista da CAASP
aconteceu em 2015. Na ocasião,
a docente foi encaminhada ao
pronto-socorro, onde passou
por uma bateria de exames
neurológicos. Felizmente, não
houve sequelas físicas, mas
desde então ela sofre com
Síndrome do Pânico.
“Lembro que fiquei 30 dias
afastada. Quando o período
de licença terminou, eu tive
medo voltar para a escola.
Eu chegava na porta e minha
vontade era de voltar para
casa”, conta Vasconcelos, que
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por fim obrigou-se a retornar ao trabalho.
O jovem responsável por arremessar
o tampo de carteira, depois de muitas
manifestações de pais de alunos e outros
professores, foi expulso da escola. “De
qualquer forma, nós já havíamos alertado
a direção de que era preciso fazer alguma
coisa com relação à indisciplina e à
agressividade dos alunos, pois algo mais
grave podia acontecer. Eu não sei por que
ele teve aquele atitude. Acho que não foi
uma ação direcionada exclusivamente a
mim, pois no momento também haviam
alunos subindo as escadas, mas como eu
era a mais alta ali, fui atingida”, pondera
Vasconcelos.
Um levantamento da Folha de S. Paulo,
publicado em setembro último, mostrou
que a cada dia, em média, 1,02 professor
é agredido em seu local de trabalho no
Estado de São Paulo.
Em agosto último, os ferimentos
SAÚDE
Márcia Friggi, professora agredida por um aluno de 15 anos.
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