foi, obviamente, uma tentativa
de desmonte total da política de
combate ao trabalho escravo, que
é de Estado, não partidária”, avalia.
São conhecidos os métodos
criminosos e extremamente
violentos de alguns empresários
dos setores agrícola e madeireiro
na Amazônia. Assim não fossem,
não teriam o fim que tiveram
personalidades como Chico
Mendes e a Irmã Dorothy Stang.
O Frei Xavier Plassat conta que ele
próprio costuma sofrer ameaças, e
que o Frei Henri Burin de Roziers,
figura emblemática das lutas
camponesas no Brasil, há quatro
anos aposentado e hoje vivendo
em Paris, passou seus últimos anos
no Pará sob ininterrupta proteção
policial.
Por que tamanha pressão?
Perguntou a Revista da CAASP ao
missionário. “Nós denunciamos
pessoas poderosas. Foi a Pastoral
da Terra que denunciou a
Fazenda Brasil Verde à Comissão
Internacional de Direitos Humanos
(ver início da matéria). A Brasil Verde
No dia 20 de outubro, Juan
aproveitou um descuido da
vigilância e fugiu do apartamento
REVISTA DA CAASP 35
pertence ao grupo Quagliato, que
é dono de uma dúzia de fazendas
e de centenas de milhares de
cabeças de gado no sul do Pará. Eu
não digo que a Quagliato nos fez
ameaças de morte, mas a pressão
foi constante”, respondeu Plassat.
“No Tocantins, eu tive de
enfrentar vários casos, um deles
contra o senador João Ribeiro
(falecido) por exploração de
trabalho escravo. Ele ameaçou e
processou fiscais e inspetores do
Trabalho”, acrescentou.
Mesmo vivendo em um
ambiente que remete ao Século
XVIII, de coronelismo, ameaças e
escravidão, o Frei Xavier Plassat
conserva uma visão otimista do
Brasil: “Há grupos de pressão,
lobbies, bancadas no Congresso
que se fazem porta-vozes de
interesses que me parecem
bastante minoritários. Eu citei 3,5
mil casos de trabalho escravo. Se,
por um lado, é muito, se comparado
ao universo de empregadores no
Brasil esse número é pequeno”.
PERUANOS E FILIPINOS:
EXPLORADOS EM SÃO PAULO
ESPECIAL
em que estava, junto com a mulher,
Virgínia, que está grávida. Eles
são peruanos e não conheciam