no estádio, se tem dirigente daquele clube lavando dinheiro, sem nenhum compromisso
com a compra do evento, porque a preocupação ali é fazer jornalismo.
No Brasil, principalmente na TV, fazemos muito mais entretenimento do que jornalismo
esportivo. O jornalismo esportivo que sobrevive ainda é o escrito, seja na internet, seja nos
jornais.
Você foi um entusiasta da Democracia Corintiana. O goleiro Leão disse que aquilo não era
democracia coisa nenhuma, porque Sócrates, Casagrande e Vladimir mandavam em tudo.
Comente, por favor.
O Leão é um conservador, viveu lá dentro, incomodou-se, não aprovava os métodos, achava
que os atletas não tinham que votar para coisa nenhuma. Ele queria o velho sistema pelo
qual alguém manda e os outros obedecem. O fato de ele não ganhar votações fazia com que
ele achasse que aqueles que lideravam o movimento tinham estabelecido uma democracia
para eles próprios.
Na realidade vivida naquele momento... isso está em diversos depoimentos do Sócrates, e
num livro que ele fez junto com um sociólogo. O Sócrates mostra quantas vezes ele perdeu
votações, mesmo em coisas prosaicas: o time voltava de ônibus de Araraquara depois do jogo
na quarta à noite; votava-se sobre parar ou não na estrada para jantar; o Sócrates queria ir
para casa, a maior parte queria jantar na estrada. O Sócrates jantava na estrada.
Você consegue imaginar Sócrates e Leão tendo alguma opinião convergente sobre qualquer
tema que seja?
(risos) Mas você veja como Sócrates era uma figura especial. Quando o Corinthians foi
REVISTA DA CAASP 15
ENTREVISTA | JUCA KFOURI