Na visão da Revista da CAASP,
não existem pautas, como não
existem temas, mais relevantes
que aqueles ligados aos direitos
humanos. O avanço civilizatório
proporcionado pela Declaração
Universal de 1948 foi imenso,
dando forma e sentido àquilo que
imaginavam os progressistas como
bandeira de luta contra preconceitos,
discriminações, linchamentos (físicos
e morais) e outras crueldades.
Homens não são coisas, sejam
eles bons, maus, pretos, brancos,
pobres ou ricos, sentenciou-se
no Pós-Guerra. Tal princípio volta
e meia parece esmaecer, como
ocorre neste início do Século XXI.
A “coisificação” do ser humano,
tristemente, persiste, e tem como
seu modelo acabado a exploração
de trabalhadores mediante regimes
análogos à escravidão – na verdade,
um eufemismo para a escravidão
contemporânea.
Já que responsabilizar o
capitalismo pode sugerir proselitismo
político, responsabilizemos por essa
chaga certo tipo de capitalismo,
aquele da mais abjeta ganância, da
busca do lucro sem limitações éticas,
do uso do trabalhador incauto –
ignorante, miserável ou estrangeiro
– como ferramenta barata. Na
reportagem de capa desta edição,
o leitor encontrará bem descritas
as formas de trabalho escravo
REVISTA DA CAASP 5 EDITORIAL
praticadas no Brasil. E saberá como
um governo com 5% de aprovação
atua para beneficiar exploradores de
mão de obra.
Os direitos humanos também
estão na seção extraordinária
Internacional. Nossa correspondente
em Paris ouviu o senador que, em
1981, foi o principal responsável pelo
fim da pena de morte na França. Em
Saúde, mostramos por que boa parte
dos professores brasileiros sofrem
de problemas psiquiátricos. Em
Dicas, explicamos o que são startups,
termo em moda para designar
empresas inovadoras, mas que está
sendo banalizado.
O entrevistado da edição é o
jornalista Juca Kfouri, baluarte da
luta contra a corrupção no esporte.
Franco e espirituoso, Juca fala
de futebol, Corinthians, cartolas
e cartolagens, Lula, Fernando
Henrique, João Saldanha e dos
mais de uma centena de processos
judiciais que já sofreu.
A Revista da CAASP convida
ainda o leitor para conhecer o texto
fluido, a sensibilidade e o profundo
conhecimento literário de sua nova
colaboradora cultural, a escritora
e tradutora Vivian Schlesinger, que
passa a ocupar a seção Literatura.