compreensão.
O Direito não prevalece na história, mas
sim a Justiça – aqui não sei se devo escrever
justiça com letra maiúscula ou minúscula,
haja vista a natureza dos acontecimentos...
O réu é condenado apesar de inocente, em
sequência vindo a morrer, e o verdadeiro
culpad o acaba por ser morto a facadas.
Attius (Gregory Peck) e a pequena Stout (Mary Badham): como no romance de Harper
Lee.
Por decisão do delegado, apoiada por
Atticus, quem matou o homem culpado,
embora pelas circunstâncias também seja
inocente, não foi a julgamento, porém sob
argumento que talvez relembre a lei de
Talião: “Um homem inocente morreu. Um
homem culpado morreu. Vamos deixar
como está”.
Talvez a grandeza do filme não derive
do fato de ser um drama de tribunal, nem
de seu conteúdo antirracista. Existem
filmes de advogados melhores e, também,
melhores filmes que combatem o racismo.
“O sol é para todos” é legendário por
conta de Atticus, um herói que adquiriu
REVISTA DA CAASP 65
dimensão mítica e representa um ideal de
identificação para o homem americano,
ainda se hoje com menos intensidade. E
também por conta de Stout, uma menina
encantadora, corajosa e valente, que
acompanha os meninos em suas aventuras
mais assustadoras e com eles defende o
pai nas mais perigosas situações, de sorte
que tanto o filme como o livro em que se
baseia são obras para todas as idades.
Dirigido por Robert Mulligan, o filme
é rodado em branco e preto, com pouco
contraste, numa intensidade de luz nítida,
porém um tanto esmaecida, em harmonia
com a narrativa de memórias longínquas
da infância.
“O sol é para todos” é uma obra de
arte. Baseia-se no romance de Harper
Lee de igual nome (“To kill a mocking
bird”, no original em inglês) publicado
em 1960, uma das principais obras da
literatura americana do século 20. O
livro, de inspiração autobiográfica, escrito
despretensiosamente segundo a autora,
CINEMA