que tudo aquilo era possível, de tal forma que a União Soviética, depois de vários planos
quinquenais de recuperação da economia, vários deles baseados no agronegócio, tivesse que
investir num projeto anti-Guerra nas Estrelas. Assim quebrou-se a União Soviética.
Uma das coisas que resultou desse movimento foi a internet. Os notebooks, os desktops,
DESGRAÇADAMENTE,
O QUE PUXA A
TECNOLOGIA É A
DEMANDA MILITAR
REVISTA DA CAASP 19
surgiram para dar maleabilidade à capacidade
de processamento de dados. Materiais, ligas
compostas, tudo isso surge primeiro para
atender a uma demanda militar, depois vai para
a área civil, onde tem uma aplicação ampla.
Quanto aos drones...
Outro dia um “foca” (jornalista novato) me
perguntou sobre a preocupação da indústria
de armas com a questão ambiental. Ora, eles
estão fabricando armas! A preocupação com a
questão ambiental é zero! Eticamente, deveria
haver essa preocupação? Sim. Mas, há? Não.
No caso do drone, vamos pensar o seguinte.
Primeiro, ele custa uma fração do que custa
um caça. Segundo, você não expõe ninguém. O
sujeito pode pilotar no Missouri um drone em
missão no Iraque. Do ponto de vista desse sujeito
– aí está a questão ética -, a guerra é limpa. Ele
não ouve sequer ruído, apenas vê uma imagem
de satélite, um alvo muito definido. Ele recebe a
ordem de um comandante, enquadra o alvo, a
inteligência confirma e ele aperta o botão.
O alvo pode ser uma pessoa, por exemplo, um
líder do Estado Islâmico, que certamente não
estará no local reunido com a Liga das Senhoras Católicas. O sujeito que pilotava o drone,
depois do expediente, vai para a casa, janta com a família, assiste televisão. A guerra para ele
é absolutamente limpa.
A capacidade de destruição do mundo é mesmo assustadora?
No auge da Guerra Fria, as duas superpotências – Estados Unidos e União Soviética – poderiam
destruir a civilização, num ataque nuclear total mútuo, 36 vezes. Aí vieram as discussões para
redução de armas, veio o fim da União Soviética, o desmantelamento de determinados arsenais,
uma negociação para reduzir o número de ogivas – e diminuiu muitíssimo. E o que acontece
hoje? Eles podem destruir a civilização 16 vezes! Todo o mundo está se sentindo muito seguro.
No caso de uma guerra nuclear total, o planeta seria imediatamente destruído?
Se apenas os mísseis que se encontram nos submarinos de que falei forem disparados ao
mesmo tempo, o mundo acaba, mas não vai acabar de uma hora para outra. Vai demorar
anos. Num dado momento vai cair a “chuva negra” (como aconteceu em Hiroshima e Nagasaki)
em diversos lugares, vão aumentar exponencialmente os casos de câncer, mutações por causa
ENTREVISTA | ROBERTO GODOY