Já o escudo antimíssil faz isso numa
escala muito maior, com precisão maior.
Percebe-se o quanto é mais sofisticado na
medida do custo. Um ponto em condições
de uso custa entre 300 milhões e 400
milhões de dólares. São várias carretas,
todas elas cheias de mísseis, é necessário
ter carregador, estoque de mísseis junto,
sistema eletrônico de rastreamento e um
sistema de fogo muito avançado.
O Brasil estava negociando com a
Rússia a compra de três baterias – cada
conjunto desses é chamado de bateria –
que seriam iniciais de um processo, uma
para o Exército, uma para a Força Aérea e
uma para a Marinha, com configurações
diferentes. Iriam ser gastos mais de 1
bilhão de dólares.
No sistema que entrou em operação em
2 de maio na Coreia, cada bateria custa
800 milhões de dólares, porque é capaz
de interceptar um míssil nuclear vindo do
espaço. O míssil intercontinental sobe,
entra em órbita e depois desce. Há muitas
variações, a maioria deles é de uma única ogiva, tem carga única, mas alguns deles podem ter
até 10 ogivas. Você lança, e cada ogiva vai em busca de um alvo. Então, um único míssil, num
único ataque, pode atingir 10 cidades diferentes.
Os mísseis Trident, que estão em número de 24 dentro de cada submarino americano, carregam
cada um deles têm 10 ogivas. Então, num único submarino há 240 bombas atômicas.
Onde os Estados Unidos posicionam seus escudos?
Eles se movimentam conforme for necessário. A China está furiosa com essa história: os Estados
Unidos instalaram um escudo na Coreia do Sul, e com isso conseguem “olhar” para dentro do
espaço aéreo chinês.
Há uma discussão ética sobre o uso de drones. Qual sua opinião sobre a questão?
Eu acho que o drone é a evolução da tecnologia. Desgraçadamente, o que puxa a tecnologia
é a demanda militar. Basta olhar para algumas coisas, por exemplo, para a internet. A
internet é herança de um sistema que acabou não sendo feito nos Estados Unidos, que era
a primeira versão do projeto Guerra nas Estrelas. Na época de Ronald Reagan projetou-se
um megaprograma de defesa, que não tinha a mínima condição de ser executado, prevendo
satélites com canhão laser para interceptar mísseis que viessem da União Soviética, e que
custaria trilhões. Nem a poderosa economia americana poderia suportar aquilo.
O que se sabe é que foi uma jogada criada pelo próprio Reagan, para passar a sensação de
18 REVISTA DA CAASP
ROBERTO GODOY | ENTREVISTA