as usou. Quando a guerra civil começou a avançar, Bashar incorreu na tentação, e começou a
usá-las.
A região ali é toda complicada. No fim Guerra do Iraque, em 2003, Saddam Hussein mandou
para a Síria milhares de litros do agente básico multiplicador para se fazer armas químicas
terríveis. A ideia era usar isso como moeda de troca para que ele próprio fosse recebido como
asilado. Quando Saddam foi preso, ele estava fugindo em direção à Síria. Ele havia enviado à
Síria algo como 12 carretas russas gigantescas, com milhares de litros do agente multiplicador.
Quem organizou esse comércio estratégico de armas químicas na Síria foi um general russo,
consultor do Putin para assuntos de armas químicas e biológicas, que foi declarado proscrito
na Rússia, provavelmente num jogo armado. Não se sabe o que aconteceu com esse general –
provavelmente continue lá, na Síria.
Bem, Bashar al-Assad começou a usar as armas
químicas, e aconteceram casos terríveis.
Houve uma pressão internacional muito
grande, a guerra ainda estava começando e
pelas negociações ele ainda podia entregá-las.
O ESTADO ISLÂMICO
ORGANIZOU-SE
MILITARMENTE
- ESSA É SUA
DIFERENÇA EM
RELAÇÃO A OUTROS
MOVIMENTOS
TERRORISTAS
16 REVISTA DA CAASP
Ele entregou, e anunciou que aquilo era
tudo. O que vemos agora é que aquilo não
era tudo.
O que você achou da resposta do presidente
Donald Trump ao ataque químico na Síria?
Corretíssima. E foi um show de tecnologia.
Na semana seguinte, em ataque no
Afeganistão, os Estados Unidos teriam usado
a mais poderosa arma não-nuclear existente.
Isso é verdade?
Foi usada de fato uma bomba muito potente,
mas não a maior. A maior é a MOP (Massive
Ordinance Penetrator), que pesa quatro
toneladas mais e consegue penetrar uma
blindagem reforçada de concreto num bunker
mais de 60 metros, e depois ela explode.
Uma das hipóteses de ataque na Coreia do
Norte é uma combinação dessas duas ações:
você lança 100 ou 150 mísseis Tomahawk
contra alvos... a grande virtude do Tomahawk é que ele chega exatamente onde você quer.
Uma das “brincadeiras” com essa arma é que, num ataque, ela pode escolher se entra pela
janela ou pela porta. E é isso mesmo. Então se faria uma salva contra áreas estratégicas da
infraestrutura – centrais energéticas, telecomunicações, computação, centros de informações,
áreas de processamento, centros de informática, pontes, estradas... você paralisaria o
país. Imediatamente após, você faria um ataque contra as instalações nucleares, que são
subterrâneas, com essas armas, evitando o uso de uma arma nuclear. Agora, primeiro você
ROBERTO GODOY | ENTREVISTA