muito software – e também hardware -, inclusive na Alemanha, e eles foram raqueados
profundamente. Os programas de invasão tinham milhares de linhas, eram programas
imensos, e chegaram ao ponto de penetrar as centrífugas que fazem o enriquecimento de
urânio, material que serve de combustível para fazer a bomba atômica. Não apenas as redes,
mas também cada uma das máquinas foi aberta com um malware que não dizia simplesmente
“pare de funcionar”, mas algo como “morra”.
REVISTA DA CAASP 11
Foi uma operação extraordinária.
A americana NSA e o israelense
Mossad se envolveram. Foi um
arraso: virtualmente, eles atrasaram
o programa nuclear de Ahmadinejad
em pelo menos 15 anos. Se todo
o PIB do Irã fosse concentrado em
recuperar o programa nuclear, eles
conseguiriam fazê-lo em seis anos.
Isso determinou uma mudança
fundamental na política interna do
Irã – hoje há um governo muito mais
moderado e com o qual dá para
sentar e conversar. Eles mantêm o
programa, só que agora totalmente
voltado à produção de energia.
Qual a capacidade brasileira nesse
setor?
O Brasil manteve durante anos um
programa paralelo, secreto, surgido
nos anos 70, cujo objetivo era construir
uma arma nuclear e se colocar como
uma potência nuclear regional, e foi
fazendo o que era necessário para
tanto. Estamos falando ainda da
época da ditadura: era uma decisão
dos militares, não unânime, mas a
maioria concordava, principalmente
os comandantes.
Esse programa foi desenvolvido
em várias frentes, a parte que mais
avançou foi a da Marinha. O “pulo do
gato” é dominar o ciclo completo do urânio: extrai, beneficia, separa, enriquece – e isso é muito
complexo, ninguém vende essa tecnologia. Isso vai ser concluído um dia, mas é demorado,
principalmente porque o país tem outras prioridades.
Nós compramos a tecnologia de submarinos convencionais da França, e eles são de uma classe
muito inteligente: eles têm muito da tecnologia de um submarino nuclear, porém com propulsão
ENTREVISTA | ROBERTO GODOY