conta o tamanho daquelas armas, o iniciador de uma bomba de hidrogênio atual equivale à
bomba de Hiroshima.
Essa postura ofensiva dos Estados Unidos tem relação com problemas internos que o
presidente Donald Trump enfrenta?
Não, começou antes. A sociedade americana tem uma característica muito própria. Eles estão
em conflito em algum lugar do mundo desde sempre. Desde a Independência, eles nunca
estiveram sem uma situação de enfrentamento militar em algum lugar do mundo. E uma das
características da sociedade americana é que todas as divergências internas cessam quando
o país está sob risco. A última vez que houve uma situação desse tipo foi no ataque às Torres
Gêmeas, quando o país inteiro fechou em torno do presidente. Eles têm um conceito de nação
muito forte.
Algo impensável no Brasil, não?
O ORÇAMENTO
MILITAR DOS
ESTADOS UNIDOS É
DE 1,2 TRILHÃO DE
DÓLARES - O DOBRO
DO QUE TODOS OS
OUTROS PAÍSES DO
MUNDO JUNTOS
GASTAM COM O
SETOR
REVISTA DA CAASP 9
Temos outra cultura: a última vez que
lutamos foi na Guerra do Paraguai, e era uma
guerra de uma superpotência contra uma
minipotência. Há poucas análises disso, mas,
durante a Guerra do Paraguai, o Brasil tinha
uma força de ataque fluvial que era a maior
do mundo – não a maior em número, mas em
poder de fogo.
De fato, quando você começa a mexer com
guerra entre países de tamanhos diferentes
em termos de poder de fogo, a coisa fica
complicada. Há um fator que dá bem a
dimensão da diferença entre capacidades
militares: o dinheiro. O orçamento militar de
2017 dos Estados Unidos beira 680 bilhões
de dólares – já foi maior do que isso, com
Obama diminuiu um pouquinho -, isso em
despesa corrente. Se você projetar contratos,
programas de desenvolvimento, pesquisa, vai
a 1 trilhão e 200 bilhões de dólares por ano.
Isso é quase o dobro do que todos os outros
países do mundo juntos têm em gastos
militares – todos mesmo, inclusive Rússia e
China.
Às vezes, esses gastos militares englobam
outras coisas. No caso do Brasil, por exemplo, você tem dentro do gasto militar a previdência
dos militares, o que não acontece em outros países. Ainda assim, os Estados Unidos estão
muito à frente.
Então, imaginemos. Na melhor das hipóteses, a Coreia do Norte tem seis mísseis de alcance
intercontinental – e eu estou usando um número ideal, pois ela pode ter até menos que isso.
Claro, eles apresentam aquelas grandes paradas militares em que aparece um número muito
ENTREVISTA | ROBERTO GODOY