
“Às vezes você se refugia num dogma ou
numa religião ou num partido para escamotear
verdades. Eu acho que não é esse o papel do
intelectual.” Quem diz é Milton Hatoum, um
dos escritores mais lidos do Brasil, vencedor
do Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano em
2018. Hatoum diz que não escreve para ganhar
prêmios, mas já ganhou muitos, entre os quais
o Jabuti, em 1990, e o Portugal Telecom de
Literatura, em 2008.
Autor de obras que já podem ser consideradas
clássicas, como “Relato de um Certo Oriente”,
“Cinzas do Norte” e “Órfãos do Eldorado”, Milton
Hatoum acaba de lançar “A Noite da Espera”,
primeiro volume de uma trilogia denominada
“O Lugar mais Sombrio”. “Dois Irmãos”, outro
livro seu de grande sucesso, virou minissérie
da TV Globo. Dramas familiares no contexto
político marcam parte de sua obra: no seu
último livro, o protagonista sofre as agruras
estudantis em Brasília à época da decretação do
A.I.5, num drama, contudo, muito mais pessoal
que político.
Milton Hatoum é de Manaus. Viveu em
Brasília, São Paulo, Paris, Barcelona. Introduz
na sua obra um pouco da urbanidade de
cada uma dessas cidades. Não concebe que a
classe intelectual omita-se diante do momento
político por que passa o Brasil: “Eu diria que nós
estamos numa situação gravíssima, e queria
lembrar que na França, em 2017, quando o país
se sentiu ameaçado pela extrema direita - pela
Marine Le Pen, que é uma xenófoba, racista das
mais terríveis -, o centro, a esquerda, o centro-esquerda,
a direita e o centro-direita se uniram
em nome da França democrática para derrotar
o fascismo e a intolerância”.
Leia a seguir a entrevista concedida por
Milton Hatoum ao editor da Revista da CAASP,
Paulo Henrique Arantes.
O INTELECTUAL
HUMANISTA DEVE
DIZER NÃO AO
REVISTA DA CAASP 7 ENTREVISTA | MILTON HATOUM
PODER