
SAÚDE 44 REVISTA DA CAASP
avaliação mais positiva de si mesmo, além de
ajudá-lo a ser reinserido na normalidade de
uma sociedade”, lembra o cirurgião.
Mas é preciso é evitar excessos e planejar
com cuidado cada etapa antes de submeter
corpo, saúde e vida à busca das linhas
perfeitas. É importante que o médico tenha
discernimento ao observar se há no paciente
normalidade psíquica. Algumas pessoas
podem sofrer de dismorfia corporal, doença
mental que envolve um foco obsessivo em um
defeito que a pessoa considera ter na própria
aparência e que, por mais que passem por
uma, duas, três ou mais procedimentos, não
se sentirão satisfeitas.
“O médico deve ainda informar o paciente,
com clareza e precisão, sobre todos os
procedimentos aos quais será submetido,
além de alertá-lo sobre desconfortos, riscos
possíveis e benéficos esperados”, ressalta
o chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do
Hospital das Clínicas. E exemplifica: “Uma
mulher que queira aumentar os seios deve
estar ciente de que, uma vez colocado o
implante, pelo resto da vida ela terá um
implante. As próteses hoje são muito mais
seguras que as antigas, mas não são vitalícias
e precisam ser revisadas e até trocadas”.
Alérgica a ácido acetilsalicílico (AAS),
anti-inflamatórios não-esteroides e iodo,
a psicóloga aposentada Luciana Diniz foi
minuciosa em todos os processos quando
optou pela cirurgia plástica para atender a suas
demandas estéticas. Nos últimos três anos, ela
se submeteu a três procedimentos plásticos:
uma abdominoplastia (procedimento em que
a gordura e a pele em excesso na região do
abdômen são removidas), uma gluteoplastia
(procedimento para aumento e remodelagem
dos glúteo) e uma correção de cicatriz gerada
por uma sutura mal feita durante uma
histerectomia (remoção de parte ou da
totalidade do útero), em 2017.
Aos 51 anos, Luciana integra uma
faixa etária de brasileiras que só tende
a aumentar nos consultórios plásticos
à medida que aumenta a expectativa de
vida no Brasil.
Ela conta que na juventude não
pensava em fazer nenhum procedimento
plástico, pois sempre se sentiu muito
bonita. Mas com o passar dos anos, o
desconforto com as imperfeições e os
“quilinhos a mais” a deixaram insatisfeita
com a própria imagem. “Era uma questão
de autoestima. Naquele momento, eu me
percebia olhando no espelho e não me
sentia bem com o que via”, descreve a
psicóloga.
Hoje, ela se diz satisfeita com as
intervenções pelas quais passou. “A gente
Furtado, o “Dr. Bumbum”: operando
irregularmente.
ANTES E DEPOIS
DO BISTURI
Fotos Públicas / Fernando Frazão