
52 REVISTA DA CAASP
PERFIL
UM CAPÍTULO BRILHANTE
DA MÚSICA BRASILEIRA
A não ser nas raras rodas bem aculturadas
musicalmente, as gerações mais novas talvez
não saibam o que vem a ser o jequibau, ritmo
sem par no mundo criado por Mário Albanese
e Ciro Pereira em 1965. Choro? Jazz? “O
jequibau não é vertente de nada. É um ritmo
pentatônico, muito diferente da marcação
dois por dois que se vê, por exemplo, no
samba”, explica Albanese. O
jequibau também não repete
a divisão jazzística de Take five,
composição de Paul Desmond
imortalizada pelo piano de
Dave Brubeck. Take five, como
observa Albanese, caminha
por um compasso de três e
outro de dois tempos, e não
por um único compasso de
cinco tempos.
Por sua originalidade e
sofisticação rítmica, o jequibau
é reverenciado por todos que
estudam e amam a música
brasileira, aqui e lá fora. Sadao
Watanabe, Andy Williams,
Vic Damone e Uccio Gaeta
interpretaram o jequibau. No
Brasil, Agnaldo Rayol, Elza
Laranjeira e o Zimbo Trio,
entre muitos outros cantores
e conjuntos de renome,
também o fizeram. Albanese e
Pereira foram gravados em 23
países.
Conversar com Mário
Albanese é submeter-se a
uma sessão da velha e boa prosa. A Revista
da CAASP foi recebida em sua casa numa
tarde de agosto para saber um pouco sobre
sua vida de músico e advogado. “Minha
mãe me dizia: você nasceu músico. Agora,
escolha a sua profissão”, contou. Se músico
foi desde sempre, advogado tornou-se após
formar-se na Faculdade de Direito do Largo
PERFIL
Fotos: Ricardo Bastos