
34 REVISTA DA CAASP
na região de Ribeirão Preto. Ela queria saber
se aquele era o endereço do Luiz. Era sua
irmã, que o procurava havia quase 10 anos.
Em uma associação que atende casos de
pessoas desaparecidas, ela conseguiu acesso
ao Cadastro Eleitoral, e soube que Luiz tinha
dado como endereço a “casa de transição” da
ABCP. O encontro entre eles foi emocionante.
“Todos da minha família achavam que ele
já estivesse morto. Mas eu nunca perdi a
esperança, e o encontrei”, disse a senhora.
A pedido deles, os nomes foram
preservados, e fotos não devem ser
divulgadas.
Luiz iniciou então um processo de
reaproximação da esposa e das filhas.
Com a esposa não retomou o casamento,
embora ela não tivesse se casado outra vez.
Era como se outra pessoa tivesse aparecido
em sua vida. Compreensível. Luiz, livre do
alcoolismo, estava de novo empregado, em
um supermercado, onde seu trabalho era de
fazer a reposição.
Dez anos se passaram desde que saiu
de casa e, quando viu a irmã, admitiu sua
fraqueza e lamentou que ela não o tivesse
encontrado antes. “O melhor lugar do mundo
é junto da família, vi isso”, disse ele, que
escapou da morte quando um homem, de
terno e gravata, deu a um morador de rua
que andava com ele na região da Praça da
Sé um litro de bebida com veneno. Naquele
dia, não quis beber. O amigo bebeu e morreu,
com o diagnóstico de envenenamento.
Colaborou Joaquim de Carvalho
ESPECIAL