
INTERNACIONAL 20 REVISTA DA CAASP
Simone Veil, ícone dos direitos das
mulheres na França, certamente teria
surfado a Onda Verde que espalhou-se
recentemente pela Argentina e mobilizou
milhares de mulheres ao redor do mundo,
principalmente nos países da América
Latina, inclusive no Brasil, onde a interrupção
voluntária da gravidez é tratada como crime
e não como problema de saúde pública. Em
1975, ministra da Saúde, Veil apresentou
projeto de lei em um Parlamento composto
em sua maioria por homens e obteve
êxito graças aos movimentos massivos da
sociedade civil, em especial à precursora
associação Mouvement Français Planning
Familial (MFPF), que há décadas luta em
prol da livre escolha e segurança nas
questões relacionadas à contracepção e ao
planejamento familiar.
Segundo líderes da MFPF, a batalha agora
é para incluir a lei de 4 de julho de 2001, do
Código de Saúde Pública, na Constituição
francesa para assegurar este direito e
salvaguardá-lo de grupos ultradireitistas, em
expansão na Europa.
O enfrentamento do problema depende
de políticas públicas voltadas à educaçāo
sexual e campanhas de orientaçāo, práticas
adotadas há anos nos países desenvolvidos.
Nesse sentido, os números evidenciam a
triste discrepância entre as nações ricas e
as em desenvolvimento: apesar de 60% da
populaçāo mundial viver em países cujas
A Onda Verde argentina espalhou-se pela América Latina.