
pelas mídias sociais. As mídias sociais estão apenas reproduzindo esse comportamento para
te agradar mais e te manter mais tempo na plataforma. O processo de seleção que de certa
maneira você já faria agora está automatizado.
Há alguns estudos tentando medir essa influência do algoritmo e acredita-se que eles
potencializam só em 20% o tipo de conteúdo homogêneo que a gente teria. Então, não creio
que as transformações que a nossa sociedade está vivendo - por exemplo, a gente vive numa
sociedade cada vez mais polarizada - advenham dos algoritmos, embora, o uso das redes
sociais contribua para isso.
Isso contraria todas as expectativas que tínhamos de que as ferramentas da internet
forneceriam um espaço de grande pluralidade e diversidade...
Sim, sim. E eu acho que tem outra disposição nas mídias sociais que contribui muito mais
para esse problema do que os algoritmos, que é a capacidade que a gente tem de quantificar
como nosso discurso agrada o público. São os likes.
Nas mídias sociais há uma cultura de exposição - que era muito estranha no passado e
hoje já normalizamos completamente -, em que você fala da sua vida pessoal, expõe suas
posições... E quando você lança isso para o ambiente público ou semi-público, nessas redes
de contatos, você mede a adesão desse público ao que você disse. Então, você começa a
REVISTA DA CAASP 9
ENTREVISTA | PABLO ORTELLADO