
INGRESSO FÁCIL, NÃO
DE GRAÇA
38 REVISTA DA CAASP
musicais clássicos ou populares o ano inteiro
com alguns dos mais celebrados artistas do
mundo. As opções são inúmeras.
Carvalho
de Joaquim A Casa de Guilherme de Almeida remete
ao poeta, tradutor, um colosso da arte, uma
personalidade contraditória como a própria
cidade. Ele foi fundador do movimento
modernista, em 1922, e o artista preferido dos
conservadores, como mostra sua dedicação
ao movimento constitucionalista de 1932.
Sua casa, no entanto, no Pacaembu, hoje
patrimônio do Estado, recebe relativamente
poucos visitantes. Não é por falta de prestígio,
mas pela falha na política de divulgação,
acreditam alguns poucos frequentadores
que a reportagem encontrou em um dia da
semana.
Nos teatros, o público é bem maior,
embora, pelo tamanho da cidade, pudesse
ser ainda mais expressivo. Todos navegam
um mar agitado, com as incertezas quanto à
política cultural do Governo Federal.
Quando Duda Maia pensou em dirigir
a peça “Vamos comprar um poeta”, uma
adaptação do livro do autor português Afonso
DIA A DIA Cruz, o Ministério da Cultura ainda não tinha
sido extinto, mas o Brasil já dava sinais de que
caminhava para um período de crise na área
artística. “O Afonso Cruz foi muito
receptivo, aprovou a ideia, porque
na Europa já se sabia o que estava
acontecendo no Brasil”, afirmou
Duda.
“Vamos comprar um poeta” é a
história contada por duas crianças
que moram numa cidade onde todos
vivem de forma materialista. Arte é
um luxo. Nesse local imaginário, as
famílias mais ricas têm artistas no
lugar de animais domésticos.
No encontro com o poeta, as
pessoas descobrem que a arte pode
estimular a atividade econômica e
a imaginação anda de braço dado
com a ciência. Em uma cena, o poeta
demonstra o valor da observação da beleza
e das borboletas e a importância das ações
desinteressadas e dos abraços afetuosos.
Duda Maia mora no Rio de Janeiro e já
apresentou outros espetáculos na capital
paulista, desde que participava de produções
de dança. “São Paulo tem um profissionalismo
que nos encoraja”, afirma.
Samir Martins pode ser encontrado todos
os dias à tarde e à noite na altura do número
900 da avenida Paulista. Formado em artes
cênicas pela USP, ele se dedica a vender
vouchers para teatros, em uma banquinha
onde se lê “Seu ingresso fácil - Vá ao teatro”.
Por dia, ele vende, em média, 15 vouchers, por
15 reais cada. Com os vouchers, antigamente
chamados de filipetas , o comprador pode
Casa de Guilherme de Almeida.