45% de sua matriz energética deverá ser
composta por energias renováveis. Para
isso, o Brasil precisa renovar 15 milhões de
hectares de pastagens degradadas e zerar o
desmatamento ilegal na Amazônia.
Ocorre que a questão das mudanças
climáticas são assunto controverso dentro
do governo Jair Bolsonaro (PSL). Durante
a campanha, o atual presidente criticou o
acordo de Paris, por “ir contra a soberania”
nacional. Tendo em vista os danos que o
abandono ao termo causaria à economia ele
voltou atrás. Mas nem Jair Bolsonaro nem
mesmo seu ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, vieram a público explicar como
o governo pretende incorporar as metas de
redução de emissão de gases-estufa nos
próximos quatro anos.
Para Barcellos o governo não terá como
fugir do tema. A crescente conscientização
do público sobre a carga de saúde associada
às mudanças climáticas é um poderoso
catalisador para a ambição coletiva de mitigar
os danos. “O Acordo de Paris vai existir mesmo
que informalmente, porque a sociedade vai
cobrar essa conta. Além disso, será impossível
o governo manter uma política de fingir que
está tudo bem com os índices do Brasil se não
estiver. O mundo é globalizado e qualquer
pesquisador no mundo tem acesso a essas
imagens e poderá denunciar o país”, acredita.
Nesse sentido, Barcellos entende que o
papel das cidades na redução das emissões
de carbono, melhoria da saúde e aumento
da resiliência, já que as autoridades locais
REVISTA DA CAASP 35
são muitas vezes total ou parcialmente
responsáveis pelo fornecimento de energia,
transporte, água, saneamento e saúde, será
decisivo.
Antes do fechamento desta edição, num
tuite, o ministro Ricardo Salles escreveu que
em reunião no Censipam (Centro Gestor
e Operacional do Sistema de Proteção da
Amazônia), órgão do Ministério da Defesa,
estava “delineando estratégias e ações para
monitoramento e combate ao desmatamento
ilegal”. A postagem mostrou que o ministro
parece insatisfeito com o monitoramento
feito desde 1988 pelo Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), via Prodes, e dá
indícios de que irá criar um novo sistema de
monitoramento do desmatamento, agora
junto ao Censipam. É esperar para ver.|
SAÚDE
Raquel Portugal
Barcellos: “é praxe que o desmatamento cresça
em períodos de recessão”.
/www.afsantos.com.br