
Facebook - circulou no WhatsApp
e essa foi outra novidade das
eleições brasileiras.
O WhatsApp já teve papel
relevante em outros momentos
aqui da América Latina. Foi
importante no Referendo
da Paz na Colômbia, teve
certa participação na eleição
presidencial mexicana. Agora,
um papel como o que teve na
eleição no Brasil foi novidade.
Pode apostar: o mundo inteiro vai
copiar a experiência brasileira.
Seremos exportadores de
campanha política por meio de
WhatsApp, porque isso nunca
tinha acontecido com tanta
intensidade e centralidade.
E quanto ao TSE? Por que ele
não interferiu?
O TSE não estava preparado
para isso. Nem tinha como estar,
porque nem o WhatsApp estava.
O WhatsApp não é uma mídia social como Facebook e Twitter. Ele não é público, não
pode ser monitorado. São redes privadas, de amigos, vizinhos, colegas de trabalho. Você
simplesmente não sabe o que está trafegando ali.
Se eu vejo um link no Facebook eu consigo medir o número de compartilhamentos e
resgatar quem postou primeiro e fazer uma contestação. No WhatsApp não se consegue
nenhuma das três coisas. Por esse motivo, por permitir comunicação de massa de maneira
secreta, ele é uma ferramenta muito adequada para o jogo sujo político. E aí a mistura dessas
notícias engajadas com boatos políticos que circularam em grande número no WhatsApp
fizeram alguma diferença na eleição. Muito difícil dizer se foram determinantes ou não. Não
sabemos, mas que desempenharam algum papel eu acho que ninguém tem dúvida.
As redes sociais ajudaram a democratizar a comunicação e desde 2013 levam movimentos
sociais para as ruas. Como essas redes passaram de representantes de uma nova democracia
para antagonistas dela?
É uma boa pergunta. Não sei se elas mudaram de papel, mas que a representação delas
de portadoras de emancipação para perigo à democracia aconteceu.
Quando a gente mudou a natureza da comunicação, acreditava-se que o principal
benefício das mídias sociais seria a quebra da barreira de entrada na comunicação de massa,
permitindo novas vozes, injetando diversidade e oxigênio no sistema. Toda aquela vitalidade
14 REVISTA DA CAASP
PABLO ORTELLADO | ENTREVISTA