
levar mais 10 pessoas, que pagarão pelo
ingresso metade do preço, e ele poderá entrar
sem pagar nada. Na cidade, o ingresso médio
do teatro custa R$ 70,00. Um casal pagaria
140 reais para assistir a uma peça. Com o
voucher, a conta sai por 50 reais.
Samir Martins: 15 vouchers por dia.
Samir não viu a crise chegar a seu setor. “O
teatro tem um público cativo. É relativamente
pequeno esse público, mas é fiel”, afirma.
A experiência dele indica que, talvez se
houvesse mais incentivo, os teatros ficariam
lotados. É que muitas pessoas param diante
do estande dele e manifestam interesse pelos
ingressos, mas desistem quando sabem que
terão de pagar 15 reais. “Eles leem ‘ingresso
fácil’ e acham que é de graça”, conta.
Samir apresentou uma única peça —
“Odeio ser pobre”—, no teatro da USP, logo
depois que se formou. Mas não se firmou na
carreira. “A carreira artística é uma ilusão. Se
você não tiver bons padrinhos, não segue
adiante”, afirma. Como divulgador de peças,
ele está satisfeito. Trabalha de domingo a
domingo, vê muitas peças e, quando fala
de uma delas, domina o assunto. Ajuda nas
REVISTA DA CAASP 39
vendas.
Eduarda Ayumi, aos 20 anos, chama a
atenção pela beleza e pelo figurino. Filha de
japonês e de uma italiana, veste preto, tem
algumas tatuagens e um piercing no nariz. Ela
tenta um lugar no restrito mercado de arte,
como pintora. Estuda no ateliê
de Maurício Takiguthi, na rua Frei
Caneca.
Eduarda gostaria que a arte
fosse mais descentralizada em São
Paulo. “Temos coisas muito lindas,
como o Masp, mas não temos
quase nada na periferia”, disse.
“O que mantém a gente como
civilização é a cultura, a manutenção
da cultura, tudo isso diz quem nós
somos”, diz Luiz Alexandre Rocha,
que veio de Vitória, Espírito Santo,
com a esposa Isabel Alves de Lima,
para compromissos profissionais
e aproveitou para visitar salas de
exposição paulistanas.
A coordenadora de arte da rede municipal
de Limeira, Tânia Lima Theodoro, está
sentada no chão, com muitas crianças, outra
professora e um guia do museu. Formam
Joaquim de Carvalho
Joaquim de Carvalho
DIA A DIA
Eduarda: “quase nada na periferia”.