
UM EXEMPLO DE AMOR
E SOLIDARIEDADE
Hideo Taniguchi formou-se em Direito pela Universidade de Mogi das Cruzes em 1972,
mesmo ano em que se casou com Kimie Miura. Juntos, eles tiveram três filhos e permaneceram
casados por mais de 30 anos, até o divórcio, em 2006. Pouco tempo depois, Hideo formou
nova família e mudou-se para a cidade de Juquiá, no interior paulista. Nos anos seguintes,
sofreu com alguns infortúnios. Em 2008, aos 67 anos, perdeu a visão dos dois olhos em razão
de um descolamento de retina. Em 2013, sua segunda esposa, Durvalina, morreu por um
tumor no cérebro. A partir desse momento, o contato dos filhos com o pai ficou mais difícil - o
advogado estava praticamente incomunicável. Preocupada, a filha Eliane, que vivia no Japão
à época, retornou ao Brasil e, junto com a mãe, Kimie, foi visitá-lo. Horrorizam-se quando o
encontraram.
“A casa estava toda fechada, tivemos que forçar a porta para entrar. Ele estava desnorteado,
mal conseguia falar ou caminhar. No canto do quarto onde dormia havia uma lata de tinta
que lhe servia como vaso sanitário”, recorda Kimie.
Aos 72 anos, debilitado e muito doente, o advogado foi transportado para São Paulo.
Passou poucas horas na casa da ex-esposa, na região do bairro Ipiranga, antes de ser levado
para o hospital. “Depois de devidamente higienizado, preparamos uma refeição e fomos
alimentá-lo. Antes mesmo do término do prato, ele começou a convulsionar”, lembra Kimie.
Foram dias internado. Tamanha era a debilidade da saúde de Hideo, que os médicos
desenganaram a família. No entanto, paulatinamente, ele contrariou todas as expectativas,
recuperando a vitalidade até receber alta do hospital.
Kimie voltou a viver com o ex-marido e a cuidar dele 24 horas por dia, sete dias por semana.
42 REVISTA DA CAASP
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