
perigo de disseminação continental do vírus,
Reed brada: “Não estamos mais na Idade
Média! Hoje podemos estar em qualquer
lugar do país ou em outro continente em
menos de 10 horas”. Era a “globalização” da
época.
A falta de compreensão do papel da
imprensa, marca dos Estados Unidos e do
Brasil atuais, também está na fita: o repórter
que desvenda o que está sendo escondido
pela polícia e pelo órgão de saúde pública
é detido e posto incomunicável para o que
nada vaze ao público.
Em “Pânico nas Ruas”, Kazan realiza um
legítimo noir americano, vencedor do Leão
de Ouro no Festival de Cinema de Veneza:
ambientes sombrios (ótima fotografia de
Joseph MacDonald), perseguições pelas ruas
da cidade (a sequência decisiva nos armazéns
REVISTA DA CAASP 53 CINEMA
do porto é espetacular), diálogos espirituosos
e desfechos rápidos (ótimo roteiro de Richard
Murphy). O vilão principal é ninguém menos
que Jack Palance, com seu rosto anguloso e
assustador. Tudo é embalado pela música
contundente de Alfred Newman.
Kazan foi um diretor brilhante, que
soube ao longo da carreira manejar o talento
intempestivo de um Marlon Brando, por
exemplo. Filmou o crime e o submundo com
a mesma destreza com que retratou dramas
familiares e sociais. Caiu do pedestal quando
foi acusado de delatar artistas durante o
macarthismo. Mas isso não diminui sua
obra.| (PHA)
WEB
Elia Kazan: colaboração com o macarthismo não subtrai a genialidade da sua obra.