
DIA A DIA 48 REVISTA DA CAASP
mas não abandonou a bicicleta. Além de
disputar provas de até 1.000 quilômetros,
presta serviços como entregadora de
refeições para um restaurante. Ganha 300
reais por semana, trabalhando apenas no
horário do almoço, dinheiro que usa para
suas ações sociais e de incentivo ao ciclismo.
O marido é que arca com as despesas da
casa, enquanto ela também não descuida
dos afazeres domésticos.
Só interrompe esses afazeres quando
participa de provas, como uma de
longuíssima distância disputada em Santa
Catarina. Durante três dias, ela percorreu
1.000 quilômetros. Parava para se alimentar
e cochilar, nada mais.
Tanto Roberta quanto Ronaldo acreditam
que o uso de bicicleta como veículo de
transporte vai crescer mais do indicam
estudos como a do Kantar. A razão é o
coronavírus: há o risco de contágio em
transporte coletivo e também em táxis ou
carros de aplicativos.
“A bicicleta é muito mais segura, um
veículo individual que pode levar você longe”,
diz Ronaldo. Além disso, eles acreditam que
diminuirá a circulação de carros pela cidade,
em razão da descoberta de que o trabalho
remoto, em home office, pode ser bem mais
produtivo do que em escritórios. Com mais
espaço nas vias, mais ciclistas começarão a
surgir, não apenas os de fim de semana, mas
os do dia a dia.
Ronaldo lembra que, em 2018, quando
houve a greve dos caminhoneiros, algumas
avenidas ficaram cheias de bicicletas,
por conta da falta de combustíveis para
automóveis.
Os dois têm também esperança de que
os administradores públicos acordem para
a realidade do ciclismo. Se não fizerem isso,
serão atropelados pelo trem da história.
Para eles, o transporte automotor individual,
definitivamente, entrou em baixa. No
mínimo, haverá uso complementar: bicicleta,
mais trem, metrô ou ônibus, ou bicicleta
(também patinete) mais carros chamados
por aplicativo ou táxis, além do veículo
compartilhado.
Um novo mundo está surgindo e essas
mudanças, como muitas outras, poderão
ser aceleradas assim que a pandemia for
vencida.