
evolutivo do próprio vírus, dos animais em
que se hospedam, das pessoas que têm
contato com esses animais - e das formas
com que têm contato -, do ambiente em que
todos vivem e de como todas essas situações
corroboram para o salto evolutivo desses
microorganismos”, diz Eliseu Alves Waldman,
médico epidemiologista e professor
do Departamento de Epidemiologia da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo.
Além disso, como lembra Maria Rita
Donalisio, médica epidemiologista e
professora da Faculdade de Ciências Médicas
da Unicamp, microrganismos (vírus, bactérias,
parasitas, fungos) são bons em se adaptar,
adquirem novas habilidades biológicas e
ecológicas, respondendo às ações humanas
sobre seus espaços.
“As ações antrópicas como invasão
e degradação de habitats naturais,
aglomerações humanas, intenso intercâmbio
e deslocamentos populacionais, contato
ocupacional ou alimentar com animais
geneticamente modificados, exposição a
antibióticos, hormônios e outras substâncias,
REVISTA DA CAASP 17
o convívio doméstico com animais silvestres,
entre outras situações, pressionam para
mudanças biológicas dessas espécies de
agentes infectantes”, salienta a professora
da Unicamp.
É por isso que pandemias têm ocorrido
com cada vez mais frequência e intensidade,
não só em número de mortos e infectados,
mas também em termos econômicos. Um
levantamento global da consultoria de riscos
Marsh revelou que esses eventos causaram
perdas econômicas de US$ 197,7 bilhões no
mundo, de 2001 a 2016.
“É muito difícil erradicar microorganismos,
particularmente se circula entre animais”,
afirma Donalisio, que defende o conceito de
One Health (Saúde Única, em português),
no qual a saúde humana depende
necessariamente da saúde animal e
ambiental.
Assim, mesmo que a humanidade produza
ainda mais avanços tecnológicos, teremos
novas espécies ou adaptações de germes,
circulando no planeta. O que importa,
segundo os cientistas consultados pela
Revista da CAASP, é perceber o início das
pandemias o mais cedo possível.
A atuação dos serviços de vigilância
epidemiológica são fundamentais para
a detecção precoce de pandemias. Esses
setores contam com vários instrumentos
epidemiológicos e estatísticos que permitem
acompanhar o comportamento de doenças
conhecidas e desconhecidas, prevendo assim
a sua disseminação e traçando estratégias
de prevenção e controle da situação
rapidamente.
O epidemiologista Eliseu Alves Waldman
SAÚDE
OLHAI E VIGIAI
Arquivo Pessoal M.R.D
Donalísio: “É muito difícil erradicar
microorganismos que circulam entre animais”.