Aos 77 anos, Eros Roberto Grau exibe o
tom de voz dos apaixonados quando fala
sobre Direito. Esse gaúcho de Santa Maria,
formado pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e doutorado pela Universidade de
São Paulo, escola em que é professor titular
de Direito Econômico, cumpriu seis anos como
ministro do Supremo Tribunal Federal (2004
a 2010) sem buscar holofotes, mas acabou os
recebendo graças ao garantismo contido nos
seus votos. Assim foi quando relatou a ação
que pedia a extinção da Lei da Anistia. Preso
e torturado durante a ditadura militar, votou
pela manutenção da lei, para indignação de
seus amigos do antigo PCB, que desejavam
ver condenados os torturadores.
“Eu perdi amigos pelo fato de me aferrar ao
que a lei diz. Eles imaginavam que eu fosse me
prevalecer da circunstância de ter sido preso
para fazer justiça com minhas próprias mãos.
Não, não, não. Se eu pudesse fazer justiça
com minhas próprias mãos, eu prenderia um
monte de gente, só que eu também fui preso
porque alguém pretendeu fazer justiça com
as próprias mãos”, declarou ao editor da
Revista da CAASP, Paulo Henrique Arantes.
Do alto de seu legalismo, Eros Grau não
compactua com juízes que falam pelos
cotovelos, e diz que quem ataca o Ministério
Público no âmbito da Operação Lava Jato
deve ter culpa no cartório. Nas linhas a
seguir, ele se diz mais advogado que juiz e
comenta sua amizade com um Michel Temer
não-presidente da República. Autor de mais
de 50 obras jurídicas – em português, francês,
espanhol e italiano –, comemora o prêmio
conferido no ano passado a um de seus livros
de contos, “A(s) mulher(es) que eu amo”, pela
Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Leia a seguir a entrevista.
REVISTA DA CAASP 7
DIREITO NÃO É
CIÊNCIA, MAS
PRUDÊNCIA
ENTREVISTA | EROS ROBERTO GRAU