O diretor Geoge Cukor, com Hepburn. Reprodução WEB
sem saber que seu próprio marido,
Adam, que é promotor assistente,
havia sido designado para atuar na
acusação.
A partir deste ponto inicia-se o
embate entre os dois, primeiro no
plano jurídico e judicial, uma vez que
estão em lados opostos no caso.
Depois o mal estar entre o casal se
estende para a vida conjugal.
Mas, afinal, qual a tese de
Amanda Bonner na defesa de sua
cliente que tentou matar o marido?
Ora, a legítima defesa da honra...
Existe uma cena marcante
no tribunal, do mais escrachado
“pastelão”, quando Amanda chama
a depor como testemunhas um
grande número de mulheres, a
demonstrar quão longe as mulheres
já haviam avançado socialmente,
o que serviria a provar não ser
coerente a desigualdade de gêneros,
e estas mulheres acabam por fazer
gato e sapato de Adam Bonner,
ridicularizando-o.
Hoje diríamos que Adam Bonner
era um machista recalcitrante e
retrógrado. Talvez na época esta
não fosse uma categoria adequada
para designá-lo. Ele era apenas um
homem que pensava com os valores
ainda predominantes em seu tempo.
Amanda, sim, era uma mulher
avançada e que teve a coragem de defender
sua cliente argumentando que se a legítima
defesa da honra era uma tese válida para
os homens deveria valer também para as
mulheres.
Como um filme poderia dizer tal coisa,
se não fosse uma comédia?
O final da história é também digno de
nota. Findo o embate no tribunal, o casal
REVISTA DA CAASP 49
deixa de lado as mútuas intolerâncias e
desentendimentos, e rapidamente sua
vida feliz vai voltando ao normal. Passa a
sensação de que os dois estupendos atores
estivessem assinalando à plateia, tal como
por vezes se faz no teatro, que a história
era aquela, já tinha sido contada, agora
cada um concluísse o que quisesse.|
Luiz Barros
CINEMA
Em casa, casal vive reflexos da briga judicial.