30 REVISTA DA CAASP
Em 2012 um novo medicamento contra
tuberculose (bedaquilina) foi lançado, era o
primeiro em mais de 50 anos desde que a
doença tornou-se curável. Apesar de ser um
mal incurável no Século XIX, a tuberculose
mata ainda hoje. Agrava o quadro o fato de
o bacilo causador da doença ter se tornado
resistente aos antibióticos de primeira
linha usuais, fazendo vítimas em todas
as classes sociais. Em 2014, um segundo
remédio (delamanida) também foi liberado
para uso.
Juntos, esses medicamentos
representaram uma oportunidade sem
precedentes no campo terapêutico. Os
resultados dessas drogas no tratamento
da tuberculose multirresistente
foram animadores. Em dois meses de
administração, o nível da infecção cai 54%.
Com seis meses de tratamento, cai 84%.
Quando a bedaquilina e a delamanida
começaram a ser usadas, no entanto,
menos de mil pessoas em todo o mundo
puderam ter acesso às drogas - uma
fração das 480 mil que desenvolveram
tuberculose multirresistente em 2013, por
exemplo.
O último Boletim da Organização
Mundial da Saúde demonstra a dificuldade
de acesso a medicamentos. Na América
Latina, de 18 produtos analisados, 17
custam mais que o salário mínimo de todos
os países latino-americanos e, destes, 12
custam pelo menos cinco vezes o salário
mínimo.
Os laboratórios alegam que
investimentos em pesquisas justificam
os preços altos. A organização não-governamental
Médicos em Fronteiras
contesta. No relatório “Vidas no limite: é
hora de alinhar pesquisa e desenvolvimento
médico às necessidades de saúde da
população”, a ONG mostra que apenas
uma das dez maiores produtoras de
drogas gasta mais em pesquisa do que em
marketing (gráfico abaixo).
SAÚDE