E AS CÉLULAS-TRONCO?
32 REVISTA DA CAASP
do projeto genoma, o desenvolvimento
de um medicamento pouco mudou
ao longo da última década. A taxa de
sucesso no desenvolvimento de um novo
medicamento é muito baixa, menos de
1%, porque muitas moléculas promissoras
falham nas fases tardias dos estudos e os
testes estão cada vez mais caros”.
Para Calixto, que vê o episódio da
“fosfo” como uma mancha à imagem da
ciência brasileira, o desenvolvimento de
medicamentos radicais pela indústria
brasileira constitui verdadeiro desafio neste
momento e, por isso, deveria ser substituído.
“Uma nova molécula com afinidade para
um alvo já conhecido e já validado necessita
de uma equipe de pesquisadores muito
bem treinada, elevadas somas de recursos
e capacidade para suportar os altos riscos
inerentes ao projeto”, pontua Calixto, que
também é professor titular aposentado
de Farmacologia da Universidade Federal
de Santa Catarina. “Como opção para o
atual momento de crise que vivemos e
para acelerar a inovação tecnológica, eu
citaria o uso da biodiversidade brasileira
para o desenvolvimento de medicamentos
fitoterápicos. Os fitoterápicos são
muito bem aceitos e os seus custos de
desenvolvimento e taxas de sucesso
são favoráveis ao estágio das empresas
farmacêuticas nacionais”, propõe.
O CIEnP foi inaugurado em 2014 pelo
Ministério da Saúde e o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação, com apoio do
Governo do Estado de Santa Catarina, para
estimular a cadeia de desenvolvimento de
medicamentos no Brasil e, com isso, reduzir
nossa dependência externa na importação
de fármacos e medicamentos acabados.
Neste momento o CIEnP trabalha com
estudos pré-clínicos na área do câncer em
parceria com pesquisadores americanos,
além de atuar no desenvolvimento de
medicamentos fitoterápicos (aqueles
obtidos a partir de plantas medicinais)
com ação no sistema nervoso central.
Além disso, dois outros projetos na área de
cosméticos estão em desenvolvimento.
Uma das grandes esperanças de
tratamento e até mesmo de cura de
diversas doenças, algumas até hoje tidas
como incuráveis, a terapia com células-tronco
segue como tema de muitos
estudos. Mas o tempo passa e a terapia
celular não ingressa em definitivo no rol
de procedimentos médicos usuais. Nesse
campo, sobram dúvidas.
SAÚDE
Julio Cavalheiro - Secom
João Batista Calixto: a validação de uma nova
substância exige equipe treinada e muito recurso.