sensação de que eu ajudei alguém”, declara.
Ter em mente o outro e não somente a
si mesmo foi um valor que Santos aprendeu
cedo, com o exemplo da mãe, Dona Laura,
falecida em 1999. “Quantas vezes a vi acolher
em casa quem quer que fosse que estivesse
em dificuldades”, recorda. “Tudo que eu
consegui até hoje foi graças à dedicação dela
e a seus ensinamentos”, afirma.
A própria formação em Direito, alcançada
em 1986, pela Universidade Mogi das Cruzes,
foi fruto de uma promessa feita à mãe. De
origem pobre, Santos cresceu no bairro
paulistano de São Miguel Paulista, distrito
com pouca infraestrutura urbana na época.
“Comecei a trabalhar aos 14 anos. Minha
mãe ficou muito triste com isso. Ela queria
que eu me dedicasse aos estudos, já que
eu era o caçula e, antes, nenhum dos meus
irmãos tiveram a chance de estudar. Fiz uma
promessa a ela: disse que não deixaria de
estudar”, recorda.
Santos participa de ações voluntárias
desde os 16 anos – hoje ele tem 55. No começo
ele ajudava paróquias da Igreja Católica na
montagem e na distribuição de sacolas com
mantimentos para famílias carentes. “Era
o jeito que eu podia ajudar”, diz. O desejo
de ser um agente de transformação do
ambiente ao seu redor permanece até os
dias de hoje. Bem sucedido na carreira, ele
coopera produzindo por conta própria 250
sacolas recheadas com brinquedos, roupas,
sapatos e doces para crianças de 10 a 12
anos, a serem distribuídas no Natal, pela
região onde cresceu e em outras da Capital.
Na CAASP, passou a fazer parte do
corpo de relatores em 2010, depois de já
ter se dedicado à Comissão de Direitos e
Prerrogativas da OAB-SP e à relatoria no
Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem.
“Deixei de ser o capeta que punia no Tribunal
de Ética e Disciplina para ser o anjo que
ajuda na CAASP”, brinca, antes de completar:
REVISTA DA CAASP 45 PERFIL
“A verdade é que me senti - e ainda me
sinto - muito à vontade atuando no setor de
Benefícios”.
“Fico chateado quando analiso alguns
casos de colegas”, confessa, e explica:
“Muitos eram advogados brilhantes
e, principalmente, em decorrência de
problemas de saúde - doenças que muitas
vezes eu nem sabia que existiam-, precisaram
recorrer à CAASP para um amparo”.
É por isso que ele diz preferir “errar
deferindo um benefício a errar indeferindo
um benefício”. Não falta rigor, contudo,
às suas análises. No dia 26 de agosto,
em reunião da 1º Câmara de Benefícios,
Santos e outros sete relatores deferiram
24 benefícios e indeferiram outros dois.
“Precisamos seguir o que manda o Estatuto
da Caixa de Assistência” lembra.
O Estatuto estabelece critérios para
diferenciar os que realmente necessitam
de auxílio daqueles que não preenchem a
caracterização de carência. Nas reuniões das
Câmaras de Benefícios da CAASP, o relator dá
seu voto e a câmara, que é sempre presidida
por um diretor da Caixa, examina e debate o
caso com enfoque direto nos documentos e
no laudo social emitido por uma assistente
social que visitou o requerente. “Votei pelo
indeferimento de um dos pedidos hoje por
entender que o colega em questão queria
manter o status social”, conta.
Quem lê os votos de Santos encontra
sempre uma reflexão. “Escolho frases que
acho que se relacionam com o perfil que
analisei. Às vezes é uma motivação, às vezes
é um puxão de orelha do bem”, diz. Num dos
seus votos proferidos no dia 26 de agosto,
lia-se: “O passado é uma cortina de vidro.
Felizes os que observam o passado para
poder caminhar no futuro”, reflexão do
escritor brasileiro Augusto Cury.|