Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha: contar a História e derrubar estereótipos

Por Paulo Henrique Arantes

Em 24 julho 2023


 

 

Qualquer celebração do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha será tímida diante da importância sociocultural dessa mulher, heroica como comprova o passo a passo de sua história. O 25 de Julho no Brasil foi oficializado em 2014 como a data-homenagem, aludindo especificamente à líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência das comunidades negra e indígena.

 

     Cidadãos e cidadãs devem ter o compromisso de, ao menos, conhecer a história do seu continente ou país, onde metade da população é negra e a mulher negra, particularmente, incorpora os piores indicadores sociais. Ainda hoje, no Brasil, é negra a maioria das mulheres vítimas de feminicídio, violência doméstica e obstétrica, afixando-se quase sempre na base da pirâmide socioeconômica, a despeito de inúmeras provas de talento profissional e capacidade de liderar e empreender.

 

      A face imortal da escravidão mostra-se em muitas áreas, mas no sistema prisional ela é aberrante: segundo o Infopen Mulheres, as mulheres pretas e pardas são mais de 63% da população carcerária feminina brasileira. Um estudo realizado em 2023 a partir de dados do Sinan (Sistema de informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde, mostra que mulheres constituem 75% das vítimas de violência física e sexual no Brasil - e pretas e pardas são as mais afetadas. A pesquisa envolveu mulheres que deram entrada no SUS.

 

      Os dados, analisados pela Vital Strategies, organização internacional de especialistas e pesquisadores que recomenda políticas públicas a governos, ainda mostram que as mulheres negras têm mais que o dobro da probabilidade de sofrer violência física em relação às mulheres brancas no Brasil.

 

      É consensual entre organismos progressistas que a luta contra a dura realidade que ainda hoje enfrenta e mulher negra deve ser acompanhada da disseminação de sua cultura, rica por natureza. Além de ícones da música e do esporte, é preciso repercutir a alta literatura de nomes como Conceição Evaristo, Chimamanda Adichie e Djamila Ribeiro, entre tantas outras escritoras.

 

      “Todos os nossos costumes, nossa origem na escravatura, precisam ser descritos como se originaram de fato, quais as suas razões políticas e sociais”, afirma Vilma Muniz de Farias, secretária-geral adjunta da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo.

 

      É nessa direção que trabalha a CAASP com a promoção especial que realiza de 24 a 28 de julho, oferecendo à advocacia livros de autoras negras com 40% de desconto adicionais sobre o preço de capa (leia AQUI).

 

      “Temos muito a comemorar no dia 25 de julho. É uma data de reconhecimento da história da mulher negra latino-americana e caribenha, e a nossa mensagem é a do fortalecimento das pautas de respeito e inclusão”, salienta a presidente CAASP, Adriana Galvão.

 

      Dois gestos simbólicos foram adotados pela Caixa e pela Ordem em alusão ao 25 de Julho. Na última reunião do Conselho Secional, em 24 de julho, por designação da presidente da CAASP, a entidade assistencial foi representada durante homenagem à mulher negra pela diretora Vilma Muniz de Farias. No âmbito da Secional, por despacho da presidente Patrícia Vanzolini, a presidência da entidade será assumida por Dione de Almeida Santos no dia 25 de julho.

 

     Outra iniciativa da Ordem motivada pelo Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi a realização, no dia 22 de julho, do seminário “Julho das Pretas: (Des)Construindo a Imagem da Mulher Negra”.

 

      “Nós sabemos o quanto os estereótipos comprometem o nosso livre exercício profissional e a dignidade de todas nós. Não enxergam a individualidade, não enxergam a peculiaridade de cada uma. É preciso depurar preconceitos e estereótipos”, disse Patrícia Vanzolini.


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