O primeiro Encontro com a Escrita, projeto que contempla sessões de autógrafos na livraria central da CAASP, trouxe à tona o tema do autismo, suas implicações legais e sociais. No dia 8 de abril, a advogada e professora Camilla Varella lançou a obra “Autismo - Quando o Diagnóstico Chega (Volume 2)”, da qual é coautora. Ela também autografou outro livro de temática semelhante, do qual é organizadora: “Direitos das Pessoas com Autismo e Outras Deficiências”.
Mãe de um filho autista de 16 anos, Camilla Varella disse à reportagem ver a legislação brasileira sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista) como “bastante robusta”, mediante a Lei 12.764 / 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e a Lei 13.146 / 2015, a chamada Lei Brasileira de Inclusão. Há problemas, contudo, na aplicação das normas, e as razões são culturais.
“Há uma realidade a ser enfrentada chamada capacitismo, porque muita gente acha que a pessoa com TEA não é capaz. Existe um capacitismo da sociedade”, aponta a autora. “A sociedade acha que está fazendo um favor ao incluir um autista, e não vê que ele tem direitos. A nossa maior dificuldade hoje em dia é o preconceito atitudinal”, explica.
Para combater esse capacitismo, Varella propõe iniciativas como a da CAASP ao promover a literatura sobre o tema, “inclusive para levar a questão para advogados que ainda a desconhecem”.
“Tivemos o Dia Internacional do Autismo, em 2 de abril, quando ocorreram comemorações no mundo todo. Acaba se falando disso na imprensa e as pessoas vão tomando contato. Esse esclarecimento é necessário, sempre com uma linguagem pedagógica”, afirma.
A movimentada tarde de autógrafos na Caixa de Assistência foi prestigiada pelos diretores da entidade Solange de Amorim Coelho (secretária adjunta), Fábio Mariz e Stella Serafini.
Há uma série de títulos sobre o Transtorno do Espectro Autista nas livrarias da CAASP e também na loja virtual Caasp Shop - AQUI.
A evolução da ciência, no que diz respeito ao Transtorno do Espectro Autista, ajuda a explicar o destaque que o tema ganhou na sociedade. O TEA foi descrito pela primeira vez em 1943, e só em 1992 foi incluído na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (na ocasião CID-10), classificação global padronizada de doenças, distúrbios, condições médicas e causas de morte mantida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Portanto, há um curto período histórico de conhecimento e trato da questão, se comparado a outros distúrbios, alguns conhecidos desde o século 6 a.C.