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Revista da CAASP - Edição n° 28

Rayssa, vítima de violência no metrô de São Paulo. O ambulante que a defendeu foi morto. A última edição do relatório sobre homicídios de pessoas trans no mundo, de 2016, produzido pela organização não-governamental Transgender Europe, mostrou que 2.016 homicídios de pessoas trans foram reportados em 65 países, sendo mais de 1.500 na América do Sul e Central, de 2008 a 2015. O Brasil lidera o ranking por países, com 802 mortes. Os casos contabilizados são apenas aqueles encontrados em buscas na internet e repassados por outras organizações e ativistas trans. A Transgender Europe acredita que os números são ainda maiores, devido a subnotificação. A Rede Trans Brasil aponta no dossiê “A Geografia dos Corpos das Pessoas Trans” que o risco de um travesti, transexual ou transgênero ser assassinado é 14 vezes maior que o de um homem cisgênero gay, e a chance dessa morte ser violenta é nove vezes maior. REVISTA DA CAASP 29 SAÚDE “EU SOU UMA MENINA” Bárbara - como prefere ser chamada para esta reportagem -, 33 anos, não fazia ideia do que significava a palavra “transgênero” até o dia em que sua filha (biologicamente um menino), com 12 anos na época, lhe disse ser uma menina trans. Desde muito cedo, Bárbara percebia que a filha agia e se comportava diferente das suas expectativas. “Ela assistia a desenhos da Barbie, queria bonecas de presente, se vestia com as minhas roupas e chorava muito quando cortávamos o cabelo dela como o de um menino”, relembra. Bárbara, instantaneamente, opunha-se ao comportamento da filha. “Eu reprimia. Dizia que ela precisava se comportar como um menino”. Em 2014, numa conversa franca a filha se assumiu como uma menina trans. “Naquela conversa eu finalmente entendi o que e como ela se sentia. Minha filha estava Elaine micossi/ Agência Brasil/ Fotos Públicas


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