Page 28

Revista da CAASP - Edição n° 28

A maioria dos estudos aponta que o desenvolvimento de identidade de gênero, traço que guia o gênero com o qual gostamos e queremos que nos identifiquem, é definida ainda na vida intrauterina, como explicou à Revista da CAASP o psiquiatra do Programa de Estudos em Sexualidade (Prosex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo Giancarlo Spizzirri. “Nos primeiros dois meses de gravidez, ocorre à diferenciação sexual dos órgãos genitais. Ela é determinada pelos cromossomos sexuais - XX, para genitálias femininas, e XY, para genitálias masculinas. 28 REVISTA DA CAASP SAÚDE Já na segunda metade da gestação, acontece a diferenciação sexual do cérebro. Na maioria das pessoas, o cérebro tende a seguir a definição da genitália. Entretanto, como esses processos são independentes, para alguns essa congruência pode não ocorrer”, explica Spizzirri. Durante o desenvolvimento de um feto podem ocorrer variações hormonais que influenciam na construção de um cérebro com características mais “masculinas” ou “femininas”, diz o especialista. “Até o momento não há estudos que indiquem a influência do ambiente pós-natal, ou seja, a família ou a sociedade, no desenvolvimento de algo tão intrínseco quanto à identidade de gênero de alguém”, enfatiza Spizzirri. Estima-se que haja 25 milhões de pessoas trans no mundo. Com a proporção de quase três mulheres trans (que nasceram homens, mas se identificam como mulheres) para cada homem trans (que nasceram mulheres, mas se identificam como homens). Apesar do avanço na conquista de direitos à população LGBT, a violência, o preconceito e a discriminação formam o pano de fundo da existência dessa comunidade no Brasil, especialmente de travestis e transexuais. A identidade de gênero, assim como a orientação sexual, é fator de vulnerabilidade, que chega a se traduzir em assassinato dessa população. Cenas gravadas pelo circuito de segurança da estação Pedro II do Metrô de São Paulo, em dezembro de 2016, e exibidas à exaustão pelos veículos de comunicação, retratam bem a questão. Na gravação, o vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas é espancado, por dois rapazes ao defender e salvar a vida da travesti Rayssa. SER TRANS NO BRASIL Spizzirri: “não há como a sociedade influênciar a identidade de gênero de alguém”. WEB


Revista da CAASP - Edição n° 28
To see the actual publication please follow the link above