qualidade de vida e conscientizá-lo. Se ele fuma cinco pedras por dia, podemos propor a ele que fume três, ou então que deixe de fumar durante a semana e fume apenas nos finais de semana. Ou então que ele pare de compartilhar o cachimbo onde fuma a droga, o que já reduz o risco de transmissão de doenças contagiosas. São pequenos passos, mas que são comemorados quando alcançados”. O método, portanto, elimina a necessidade de internação para livrar o usuário da droga. Quem participa, aprova. É o caso de Carlos Augusto Oliveira, o Carlão, como é mais conhecido. Ele fez questão de falar à Revista da CAASP, no dia 18 de novembro, quando a reportagem visitou o Centro de Convivência. Carlão se intitula militante da luta antimanicomial. Aos 54 anos, ele faz uso regular de maconha, e diz ter experimentado crack uma única vez. “Sou REVISTA DA CAASP 39 SAÚDE maconheiro, eu sou legal! Eu sou da luta antimanicomial”, enfatizou mais de uma vez durante a conversa. Carlão: “sou maconheiro, eu sou legal! eu sou da luta antimanicomial” Durante muito tempo os políticos empurraram de uns para outros a paternidade do crack em São Paulo. Depois, passaram a adotar políticas de atendimento a usuários, mas Governo do Estado e Prefeitura jamais fecharam consenso quanto à abordagem do problema. “É preciso acabar com a ideia de que há ausência do Estado e começar a perguntar como é a sua presença. Há agrupamentos de crack que não conhecem outro serviço público que não o policial, enquanto outros locais, como a Cracolândia, por exemplo, são focos de disputa entre diferentes tipos de ação pública”, observa Taniele Rui, professora do Departamento de Antropologia da Unicamp, especialista no universo dos consumidores de crack. Ela esclarece: “O jogo político é parte da construção do crack como problema social e a Cracolândia paulistana é, nesse sentido, uma localidade que metaforiza espacialmente esse jogo”. Em outubro último a cidade de São Paulo elegeu um novo prefeito. Ainda não A CRACOLÂNDIA E O XADREZ POLÍTICO Ricardo Bastos Ricardo Bastos
Revista da CAASP - Edição 26-
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