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Revista da CAASP - Edição 26-

Taniele Rui, da Unicamp: “o jogo político é parte da construção do crack como problema social”. 40 REVISTA DA CAASP se sabe ao certo como João Doria tratará da questão. Suas declarações até o momento são contraditórias. Quando em campanha, Doria disse que iria encerrar o programa “De Braços Abertos”; depois, disse que iria mantê-lo com outro nome, impondo condicionalidades aos beneficiários. A Revista da CAASP entrou em contato com a assessoria do prefeito-eleito, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. Espera-se que Governo do Estado e Prefeitura trabalhem juntos no enfrentamento do crack, já que tanto Doria e o governador Geraldo Alckmin são politicamente tão próximos. Por ora, o Estado, sob administração de Alckmin, tem investido na criação de leitos hospitalares e comunidades terapêuticas para internar usuários. Por meio do programa “Recomeço”, os dependentes químicos e seus familiares têm tratamento e acompanhamento multiprofissional. Há três tipos de internação: a voluntária (quando o dependente químico quer se internar), a involuntária (quando a família pede a internação) e a compulsória (quando, sem pedido da família e sem consentimento do dependente, a Justiça determina a internação). A inciativa é coordenada pelas Secretarias Estaduais da Saúde, da Justiça e Defesa da Cidadania e do Desenvolvimento Social e acompanhada pelo Poder Judiciário. Ao lado do Ministério Público e da Defensoria Pública, a OAB-SP realiza importante trabalho em apoio aos usuários de drogas. A ação se dá no âmbito do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), órgão da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. No combate ao tráfico, o Governo do Estado realiza operações policiais (Operação Limpa, em 2005; Operação Centro Legal, em 2009; Operação Sufoco, em 2012) com o objetivo de prender traficantes que atuam na Cracolândia, todas bastante criticadas por setores da sociedade pela violência que acaba recaindo sobre os usuários. Já a Prefeitura, na gestão de Fernando Haddad, apostou no polêmico “De Braços Abertos”. O programa abriga, alimenta, emprega e oferece serviços de saúde para consumidores de drogas ativos. O “De Braços Abertos” não exige do usuário abstinência. Essa iniciativa é nova no Brasil e no mundo e, de certo modo, tem reduzido o uso de crack, como mostra a pesquisa Open Society Foundations, feita em parceria com o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Laboratório SAÚDE


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