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Revista da CAASP - Edição 26-

ESPECIAL 30 REVISTA DA CAASP Há mais de 20 anos, Marcos Bessanezi deixou a vida de empregado e montou o próprio negócio. Sua empresa tem um leque amplo de atividades: faz manutenção como terceirizada de empresas maiores e fabrica pufes. Há três anos, a crise chegou ao seu negócio e ele teve que reduzir o quadro de funcionários. Eram oito, agora são quatro. Marcos até gostaria de recontratar alguns, porém o custo da mão de obra o impede de levar adiante seu plano. “Hoje, um só funcionário fica com 8% do meu faturamento bruto. Aliás, ele não fica, porque muito do que eu pago não e governo) estão querendo é que o acordado seja inferior à lei, o que traz uma perspectiva de redução de direitos, com certeza”, aponta Ganz Lúcio. A redução de custos por meio do achatamento salarial, registra, é uma prática histórica do empresariado brasileiro em geral. O dirigente observa que os bancos fecharam cerca de 10 mil postos de trabalho em 2016, demitindo empregados cuja média salarial era próxima de R$ 6 mil e contratando outros por R$ 3 mil. “Por que um banco que tem R$ 30 bilhões de lucro em um semestre precisa fazer esse tipo de ajuste?”, pergunta. O empenho de setores da economia pela terceirização total esconde, na avaliação da Ganz Lúcio, o mesmo objetivo de reduzir custos via barateamento da mão-de-obra, esta, por sua vez, obtida mediante o enfraquecimento dos sindicatos: “O jogo da terceirização, do ponto de vista trabalhista, é que, ao se promover o reenquadramento, na verdade se tira a proteção sindical que abriga o trabalhador. Trata-se de uma reforma sindical perversa, porque destrói o poder de representação dos sindicatos que têm força”. Ganz Lúcio, do Dieese: “o que se quer é tirar a proteção sindical do trabalhador” Lúcio Bernardo Jr / Câmara DUAS TRAGÉDIAS, NENHUMA REFORMA


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