A PAIXÃO ACIMA DA RAZÃO Pazzianotto: “o argumento de que uma reforma precarizaria as relações de trabalho é idiota” ESPECIAL 26 REVISTA DA CAASP “Eu fico espantado em ver como a paixão determina o raciocínio das pessoas”. A frase é do ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto, lembrado pelo pacto entre governo, empresários e trabalhadores que tentou viabilizar durante o Governo Sarney. Ardoroso defensor da reforma trabalhista, ele responde da seguinte maneira aos “apaixonados” contrários a mudanças: “Esta crise que estamos vivendo, com 12 milhões de desempregados, os quais somados aos subempregados totalizam mais de 23 milhões de infelizes, foi gerada por alguma flexibilização da CLT? Não. Não há nenhuma relação entre uma coisa e outra, porque não houve nenhuma reforma importante. O argumento de que uma reforma da legislação viria precarizar as relações de trabalho é um argumento idiota, insano, não confere com a realidade”. Pelo olhar de Pazzianotto, que também foi presidente do TST, a classe trabalhadora brasileira atual nada tem que a assemelhe à de 1970, muito menos à de 1943, quando a CLT foi criada. “O risco é que, antes que a reforma da CLT aconteça, o operário se torne uma ferramenta obsoleta. O que eu almejo com a reforma trabalhista é a proteção do trabalhador contra uma ociosidade determinada pela moderna tecnologia e pela globalização”, explica. “O Século XXI nada tem a ver com o Século XX. Hoje há veículos Uber rodando sem motorista na Europa e nos Estados Unidos – ainda em caráter experimental, mas vieram para ficar. Na rua onde moro, vigilantes foram substituídos por monitoramento eletrônico”, exemplifica. O peso dos encargos trabalhistas nas contas do empresariado pressiona-o bem menos, observa Pazzianotto, que o chamado “passivo oculto”, ou seja, o montante que o patrão tem de pagar quando acionado por ex-funcionários na Justiça do Trabalho. “Para montar uma empresa e ter dois, dez Sindeepres
Revista da CAASP - Edição 26-
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