ONDE ESTÃO OS NEGROS? Formado em Direito, com mestrado e doutorado em Administração, José Vicente entende que a saída para esse ciclo vicioso está no estabelecimento de cotas raciais para chapas de candidatos, a exemplo do que ocorreu no caso das mulheres. Já existe até um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, mas a proposta está parada. “Os políticos entendem que é uma questão diferente da situação das mulheres e, por isso, o projeto não é votado”, conta. No caso das mulheres, as cotas não equilibraram a representatividade política, mas, quanto às cotas para negros na universidade, a situação mudou bastante. José Vicente era aluno da Escola de Sociologia e Política no final da década de 80, quando ele e alguns colegas negros começaram a discutir a necessidade de uma faculdade idealizada por negros e com foco nas demandas culturais étnicas. Na época, os negros representavam 3% dos alunos do curso superior no Brasil. As discussões se multiplicaram, mas o grupo liderado por José Vicente só conseguiu implantar o primeiro curso superior na Zumbi dos Palmares, o de Administração de Empresas, em 2003. Nos Estados Unidos, existem duzentas universidades para negros e a maioria foi criada no início do Século XIX. Hoje, com a implantação de políticas afirmativas, como cotas nas universidades REVISTA DA CAASP 27 federais e em duas das três universidades públicas estaduais de São Paulo, o número de alunos negros no ensino superior saltou para 18%. Em números absolutos, o crescimento é superior a 500%. “A população que se declara negra – o que inclui pardos – no Brasil é de 52%, mas já houve um avanço”, diz. Para o reitor, o mais positivo é que estudos mostram que o desempenho dos cotistas é igual ou superior ao da média dos estudantes, na maioria das universidades. “Esse pessoal ESPECIAL José Vicente, da Zumbi dos Palmares: “existe uma relação de dependência em relação aos políticos brancos”. WEB Universidade Zumbi dos Palmares
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